Com o Sonho se Chega à Obra

COM O SONHO SE CHEGA À OBRA [1]

Maria Isabel Vieira Pereira

19 de Março de 2019

Com esta minha vetusta idade, bem podia estar toda entregue às malhinhas do tricot ou crochet e deixar o passado e as suas obras irem sendo contadas, escritas, consoante o seu conhecimento e até gostos pessoais e épocas. Ora, aconteceu eu ter sido voluntariamente cúmplice e envolvida na complexa teia de uma dessas obras antigas, social e educativa, e dela ter mesmo guardados os vários documentos da sua criação e diversificada evolução. Em Fevereiro de 1955, no âmbito da Liga Portuguesa da Profilaxia da Cegueira, era inaugurada oficialmente em Lisboa a primeira Clínica de Reeducação de Amblíopes. Foram seus fundadores o oftalmologista Henrique Moutinho, o psiquiatra João dos Santos e a psicóloga Maria Amália Borges, que aliás já trabalhava em colaboração com este último na área psico-social. Quem eram estes três licenciados, sonhadores e intervenientes na criação de uma sociedade mais justa? João dos Santos trabalhava no Hospital Júlio de Matos, dirigido na altura e durante muitos anos pelo Professor Barahona Fernandes. Foi proibido não só de ali trabalhar mas em todos os hospitais portugueses. Teve, por isso, de emigrar, já casado e pai, para França, onde ficou 5 anos. Henrique Moutinho, já com a sua clientela atendida no seu consultório, foi mobilizado para Angola, em guerra, como médico militar. Maria Amália e seu marido, com as suas licenciaturas terminadas, não lhes foi nunca permitido entrar no sistema oficial de ensino superior, tendo por isso conseguido trabalhar só no sistema particular. Maria Amália esteve mesmo detida dois meses em Caxias, por ter sido reconhecida como fazendo parte da associação que ajudava monetariamente as famílias dos nossos presos políticos. Naquela altura em Portugal, as crianças e jovens amblíopes, devido à sua fraca visão, eram encaminhados para os asilos de cegos onde ficavam internados, raparigas no António Feliciano de Castilho, em Campo de Ourique em Lisboa e rapazes no Branco Rodrigues, na linha de Cascais. Como na sua grande maioria eram oriundos de famílias carenciadas, o seu internamento nos asilos resolvia toda uma situação social e, os de famílias não carenciadas, faziam naquelas instituições apenas a sua escolaridade, continuando a viver em família. O facto de serem considerados desde cedo como cegos levava a que toda a sua vida fosse dentro dessa perspectiva, como verdadeiros cegos. Toda a sua escolaridade era feita com o sistema Braille, o ensino da música em piano, a visão não era estimulada, era anulada, perdendo cada vez mais capacidade visual, passando em muitos casos de amblíopes a cegos totais. Ora, acontecera que o Dr. Mário Moutinho, pai de Henrique Moutinho, tinha estado na Alemanha algum tempo e tomara conhecimento de uma total diferença de procedimentos científicos e sociais com os amblíopes. Naquele país, utilizavam sempre a visão que tinham, estimulando-a através de exercícios oftalmológicos, como toda a sua escolaridade era feita normalmente com livros de caracteres e imagens de maiores dimensões, cores vivas e uso de lentes nalguns casos. É fácil imaginarmos a vontade daquele pai oftalmologista em incentivar o seu filho e colega a iniciar e desenvolver aqui no nosso país uma obra que diminuía o número de indivíduos cegos, o que não é coisa de pouca importância! Juntar e entusiasmar os dois já citados colaboradores para uma obra tão importante não foi difícil, eles que carregavam o peso do sofrimento das injustiças por si vividas, pois que os seus objectivos de vida eram, em tudo, melhorar uma atrasada e injusta sociedade. A falta de espaço físico e de meios financeiros não os assustava nem impediu de avançarem para a realização daquela primeira obra no nosso país, pois para tudo contavam com as suas próprias capacidades de criar. Assim, Henrique Moutinho, sócio do Rotary Clube de Lisboa, conseguiu um donativo, com o que se adquiriu o indispensável mobiliário e equipamento, e que permitiu ainda um mês de estágio de Maria Amália nas classes de amblíopes de Paris. Maria Amália encarregou-se de toda a montagem para a inauguração oficial da primeira classe de amblíopes de Lisboa, do País, nas três salas que João dos Santos disponibilizou na cave do Colégio de que era sócio, hoje Colégio Claparède. A inauguração teve a presença de um representante oficial do Governo, que não deixou de chamar a atenção para o facto de um oftalmologista criar nas salas de uma cave uma unidade escolar para crianças que viam mal, algumas quase cegas. É-lhe respondido: “que assim acontecia por ser, na altura, a única possibilidade de se iniciar um trabalho de que se não vislumbrava semelhante iniciativa, mesmo oficial”. A faísca acendeu-se, o lume cresceu, não sem vários percalços no seu crescer, sempre pela falta de meios financeiros. Mas, os nossos poetas são boas traves para estes inovadores, quando escrevem: “O sonho comanda a vida” (António Gedeão) ou “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce” (Fernando Pessoa). E nasceu, cresceu, diversificou-se, tornou-se: Obra Exemplar, rastilho para uma grande revolução no sistema educativo nacional quando ainda nem se falava da hoje tão badalada Escola Inclusiva. Hoje bem podemos afirmar que ela ali começou para continuar a afirmar-se. Mas, era evidente que aquelas instalações não eram convenientes e, sem meios financeiros para alugar um andar com condições, a inaugurada Clínica de Reeducação de Amblíopes teve que se ir adaptando aos espaços que lhe eram oferecidos gratuitamente. Passou então a funcionar numas salas independentes do Asilo António Feliciano de Castilho, onde antes tinha sido o consultório do Dr. Mário Moutinho. Já então se tratava de um rés-do-chão, com sala de aula, uma sala grande para receber as famílias, uma pequena cozinha onde os alunos almoçavam o que traziam de casa e a câmara escura própria de um consultório oftalmológico, o quarto onde dormia a professora de então (Maria Isabel), porque o que os fundadores e directores lhe pagavam não era suficiente para alugar um quarto. E ali passou a funcionar a classe do ensino primário para amblíopes, com o material indispensável ao emprego e estimulação da visão daqueles alunos, como por exemplo a Cartilha de João de Deus que usava já caracteres aumentados, ideia de Maria Amália em utilizá-la na nossa primeira clínica portuguesa de amblíopes. Entretanto, é criada em Lisboa a Fundação Raquel e Martin Sain, onde o Dr. Henrique Moutinho teve papel importante, pelo facto de ter tratado com êxito a esposa do grande rei do petróleo. Assim, deu então a conhecer ao Senhor Sain o que se estava a fazer pelas crianças amblíopes, entusiasmando-o para que a Fundação, alem de se dedicar a recuperar cegos adultos, passasse também a incluir crianças e jovens amblíopes e cegos, prontificando-se com os seus amigos e colaboradores a organizar estas unidades. Assim, é criada a Secção de Pré-Primária com a Prof. Cecília Menano a dirigir e Leonor Alvim como colaboradora, duas classes de Ensino Primário para amblíopes, à qual se juntam cegos, com Maria Amália a dirigir e as Prof Deline Martins e eu própria que desde a fundação trabalhava com os amblíopes e que tinha feito um estágio em Paris, nas classes oficiais de amblíopes, onde também já estivera Maria Amália. Esta nova estrutura da Fundação toma o nome de Centro Infantil Raquel e Martín Sain, que funcionou em duas casas, primeiro numa cave da Av. Óscar Monteiro Torres e depois na Av. D. Carlos, onde funcionavam todas as secções da Fundação. Este é o resultado da evolução, do desenvolvimento da pequena classe de amblíopes, inaugurada tão sem condições em Fevereiro de 1955. Já então os seus fundadores tinham bem presente que havia todo um caminho a percorrer para conseguir os grandes objectivos de integração de deficientes no ensino regular oficial. A Direcção da Fundação Sain teve a boa iniciativa de pedir ao Ministério da Educação a oficialização das classes do ensino primário, o que efectivamente acontece. Para exercerem as devidas funções as duas Professoras fizeram os necessários exames oficiais de Regente Escolar. Os alunos cegos iam aumentando, tudo corria bem, chegou-se mesmo a fazer uma exposição numa casa da Baixa, para divulgação do trabalho que ali se estava a fazer na educação e recuperação dos deficientes visuais. Mas dois anos depois a direcção da Fundação Sain não quis manter o Centro Infantil Raquel e Martin Sain e ficamos uma vez mais na rua. Desta vez foram os pais que se juntaram em protesto no Ministério da Educação exigindo escola para os filhos em idade escolar, cumprindo-se a lei oficial do país. Perante a justa exigência dos pais o Ministério da Educação dispensou duas salas numa escola oficial para os dois Postos Escolares oficiais e com esta mudança a classe infantil acabou. Mas estávamos ainda nos tempos em que deficientes não estudavam com os considerados não deficientes e houve na verdade rejeições a vários níveis e em todo o corpo docente da escola. Mas como disse logo ao princípio desta narrativa os seus criadores, orientadores, sabiam, cada vez melhor, que estavam a construir um futuro social e cientificamente certo e nenhuma dificuldade enfraquecia as suas vontades. João dos Santos e Henrique Moutinho convidam então Helen Keller para vir a Portugal, convite que ela aceita. Uma vez em Lisboa, mostram-lhe o que há já oito anos tinham criado e que ao longo desses anos foram desenvolvendo: escolaridade conjunta de crianças deficientes, cegas, e não deficientes. Helen Keller elogia fortemente este trabalho socialmente inovador que acabava com a segregação dos deficientes. Numa reunião com Azeredo Perdigão, na altura Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Helen Keller entusiasma-o a apoiar monetariamente, de forma significativa, tão importante obra social. É então deste modo, com uma boa quantia, que as classes escolares podem sair das instalações da escola oficial onde eram indesejadas. A Liga da Profilaxia da Cegueira, entidade que sempre tem patrocinado este trabalho ao longo destes anos difíceis, mas sempre visando o seu sucesso, aluga um prédio de três andares no Jardim Constantino que em justa homenagem passa a ter uma placa na frente do edifício onde se lê Centro Infantil Helen Keller, denominação que jamais deixou de ter, embora hoje seja diferente a sua finalidade. É com a nova denominação, no ano de 1962, naquele prédio do Jardim Constantino que se dá um grande salto na já nossa conhecida Instituição: volta a ter a secção do ensino pré-primário, que terminara quando saímos da Fundação Sain. Ficou responsável agora por este sector a Dra Rosalina Tainha com o apoio de Maria da Graça Barahona. O número de alunos sem deficiência aumentou muito e entre eles estavam os filhos de vários colegas de João dos Santos e de amigos destes, um seu neto e outros alunos do ensino primário, num grupo que funcionava em casa da Maria Amália, mas, tal como no Centro Infantil Helen Keller, seguindo as Técnicas Freinet. Este emprego das Técnicas Freinet deve-se ao estágio feito pela Professora Maria Isabel na escola Freinet em Vence (A.M.) com o próprio pedagogo francês Célestin Freinet. Este aumento de alunos levou o Ministério da Educação a passar os dois Postos Escolares a Escola, com a Professora Manuela Cruz e as já ali a exercerem Regentes Escolares. Nesta data entrou também para o Centro o Prof. Sérgio Niza que tinha sido expulso do ensino oficial e que se encontrava com dificuldade em trabalhar mesmo no ensino particular. No 2º andar funcionavam o gabinete médico com dois oftalmologistas (Drª Sílvia Azevedo e Dr Ribeiro da Silva), psicólogos (Drª Dora Bettencourt e Dr Coimbra de Matos) e pediatra (Drª Josefina Ramos). A direcção deste sector eram o Dr Henrique Moutinho e o Dr João dos Santos. Em Agosto de 1963 o Drª Maria Amália parte para o Canadá terminando a sua Direcção que durava desde a inauguração desta obra sócio-educativa. Deixa um relatório dos 8 anos da instituição da qual fora co-fundadora e, todo esse tempo, sua directora pedagógica. Este relatório foi publicado na revista Strabismus, em 1973, da Liga da Profilaxia da Cegueira. Nele indica para assumir a direcção a Drª Ana Maria Toscano Rico Bénard da Costa que já trabalhava no Centro Infantil Helen Keller com um grupo de alunos amblíopes, mas com fortes atrasos mentais. Ana Maria quis assim adquirir conhecimentos práticos dos diversos tipos de alunos da instituição. Maria Amália escreve no referido relatório considerar Ana Maria a pessoa com competência para continuar toda a orientação seguida até ali. Ana Maria fica na direcção dois anos lectivos em virtude de ter sido convidada então a organizar os primeiros cursos para professores de alunos com deficiência visual já que, até então, apenas existiam cursos para professores de alunos com deficiência intelectual, ministrados no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira. O então Centro Infantil Helen Keller deixa de funcionar no Jardim Constantino indo para um prédio apalaçado na Rua Monte Olivete. Na medida em que o sistema oficial vai tendo professores com preparação especializada, vai evoluindo e pouco a pouco os alunos cegos vão frequentando o ensino regular oficial. Por esta razão aquela instituição tão aberta às necessidades dos tempos sente que é altura de atender cada vez mais multideficientes. Assim, um grupo se organizou atendido pela Educadora, Eugénia dos Reis, com preparação para um trabalho especial com este tipo de alunos. Também para jovens com menos capacidades, que escolarmente pouco além iam do ler e escrever, foi criado um atendimento pré-profissional onde trabalhavam em várias ocupações e com diferentes materiais. Chegaram mesmo a trabalhar em ligação com empresas, para quem faziam embalagens de diversos objectos e que lhes pagavam o trabalho executado. Finalmente o Centro Infantil Helen Keller passa definitivamente para os terrenos facilitados pela Câmara de Lisboa, na zona do Restelo, onde são construídas as primeiras edificações pré-fabricadas. Neste despretensioso relato, procurei dar a conhecer o sonho e a valiosa obra tão mal-entendida nas dificuldades passadas pelos seus criadores, Henrique Moutinho, João dos Santos e Maria Amália Borges, a fim de a levarem ao final feliz, que em muito contribuiu para a evolução do sistema português de educação oficial. Aos Drs Paula Santos Lobo e Luís Grijó dos Santos, com o sempre presente sentimento de gratidão por tudo o que recebi do vosso pai, deixo-vos este relato absolutamente inédito. Maria Isabel Vieira Pereira 19 de Março de 2019


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  • Ligações:


  •  

    Cecília Menano, João dos Santos e Maria Emília Brederode Santos em conversa

    Clique na seguinte ligação para para visualizar este vídeo do Instituto de Tecnologia Educativa – RTP (1975) A Escolinha de Arte de Cecília Menano – com Cecília Menano, João dos Santos e Maria Emília Brederode Santos, que foi muito generosamente disponibilizado pelo Dr Daniel Sasportes (19 minutos). [Clique nesta ligação]

     


  • Photomaton

    Photomaton

    O filme “PHOTOMATON-Retratos de João dos Santos”, realizado por Tiago Pereira e Sofia Ponte é uma produção da Fundação Calouste Gulbenkian e da RTP2 e é colocado neste site com a muito generosa autorização da Fundação Calouste Gulbenkian.

     

  • Crianças Autistas by Ernesto de Sousa

    Clique na seguinte imagem para aceder ao filme
    "Crianças Autistas" by Ernesto de Sousa"
    e depois carregue no botão "Play".
    (este filme não tem som!)  

    imagem de Criancas Autistas by Ernesto de Sousa

    Crianças Autistas
    Realização de Ernesto de Sousa a partir de uma ideia de João dos Santos, 1967
    Operador de câmara: Costa e Silva
    Filme disponibilizado pelo Centro de Estudos Multidisciplinares (CEMES)
    www.ernestodesousa.com

     

  • Programa IFCE no Ar, Radio Universitária

    Entrevista sobre o andamento do curso à distância “Introdução ao Pensamento de João dos Santos”

    Entrevista gravada com a coordenadora do curso “Introdução ao Pensamento de João dos Santos”, Professora Patrícia Holanda da Linha de História da Educação Comparada da UFC (Universidade Federal do Ceará), com o Doutor Luís Grijó dos Santos (filho de João dos Santos), e a coordenadora pedagógica do curso Professora Ana Cláudia Uchôa Araújo da Directoria da Educação à Distancia do IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará). A entrevista foi realizada pelo jornalista Hugo Bispo do Programa IFCE no Ar em 3 de Novembro de 2016.

    Para ouvir a gravação desta entrevista clique nesta ligação.

     


     

  • UM PENSADOR EMOCIONADO

    Professor Doutor José Adriano Barata-Moura

     

    Clique nesta LIGAÇÃO para ver o vídeo "João dos Santos - Um Pensador Emocionado" da conferência do Professor Doutor José Barata-Moura, 7 de Setembro de 2013 no congresso “João dos Santos no século XXI”.

     

     

  • Os Dias da Rádio Em Conversa com João Sousa Monteiro

     
     

    Clique nesta LIGAÇÃO para ver o vídeo "Dias da Rádio - Em Conversa com João Sousa Monteiro".
    Vídeo produzido e realizado no âmbito das XXI Jornadas da Prática Profissional: " O Segredo do Homem é a Própria Infância: Pensar em Educação com João dos Santos" que se realizaram na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém nos dias 8 e 9 de novembro de 2013.

     

     

  • Testemunhos

    “Estimada Paula Santos:"

    Não quero deixar de testemunhar que o seu pai, Dr. João dos Santos, foi uma grande referência para mim, no perfil de psicoterapeuta.

    Fui discípulo seu durante um ano no Hospital Santa Maria e, foi para mim uma experiência admirável pela grande capacidade de lidar com uma criança e através dela captar o seu micromundo. Depois, já na sua ausência, sem quaisquer outros dados, no Seminário dos Internos, descrevia, com espanto para nós, as personalidades dos pais, os seus conflitos, a qualidade de relacionamento. Não segui a psicanálise, mas foi com o seu pai, meu grande querido mestre, que me enriqueci no caminho da psiquiatria clássica.

    O Dr. João dos Santos vai ser tardiamente homenageado pela Ordem dos Médicos, depois de tantas honrarias que recebeu e mereceu. Com esta nova Direcção, a Ordem está a tentar repor publicamente, o mérito de médicos ilustres esquecidos, muitos incómodos, para conhecimento das novas gerações de médicos, a bem dos princípios de justiça, dos valores e da história da medicina portuguesa.
    Com os melhores cumprimentos

    Júlio Pêgo (Psiquiatra)”
    Novembro de 2014
    [Ler mais testemunhos]


  • Notícias

    “A Neurose de Angústia”
    A edição eBook para Kindle do livro “A Neurose de Angústia” está à venda em todos os sites da Amazon.

    [Para mais informações clique aqui]



    "João dos Santos, um caminho diferente na saúde mental"
    Trabalho de métodos qualitativos de Leonor Moreira Rato, supervisado pelo Professor Doutor Miguel Nunes de Freitas do ISPA – Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida. Inclui a transcrição de uma entrevista feita à Professora Doutora Maria Eugénia Carvalho e Branco por Leonor Moreira Rato. [Para mais informações]


    O Senado da Universidade de Lisboa atribui o título de Doutor Honoris Causa ao Pedagogo Sérgio Niza
    A Cerimónia de Investidura do título Doutor Honoris Causa terá lugar no próximo dia 23 de Abril 2015, com início às 18.00 horas, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa. [Continuar a Ler]


    Apresentação do livro de Maria Eugénia Carvalho e Branco pelo Professor Doutor António Coimbra de Matos e pelo Dr Pedro Strecht
    Agradeço à Professora Doutora Maria Eugénia Carvalho e Branco o honroso convite para participar na apresentação do seu livro "João dos Santos. A Saúde Mental Infantil em Portugal. Uma Revolução de Futuro".
    É uma honra e um prazer. Duplos:
    1. Pela elegância da forma e riqueza do conteúdo. Como leitor, primeiro foi o espanto, logo de seguida, o conhecimento – no lúcido dizer do filósofo estagirita; mas sobretudo, o que eu senti foi encantamento face à empolgante transmissão do que foi o Homem e do que é a Obra que nos legou. [Continuar a Ler]

    Revista Visão
    A revista Visão publicou na sua edição de 12 a 18 de Dezembro de 2013 (nº 1084) um artigo sobre João dos Santos, “A criança e o mestre”, subscrita pela jornalista e psicóloga Clara Soares. [Ler o artigo completo]

    Escola Superior de Educação de Santarém
    As Jornadas da Prática Profissional da ESES – “Pensar em Educação com João dos Santos” decorreram muitíssimo bem, com muito entusiasmo, envolvendo alunos e professores, enlaçando pensamento e afecto em todos os presentes e em todos os seus momentos, das conferências aos painéis, dos ateliers para adultos aos ateliers com crianças, dos filmes à escuta dos Dias da Rádio – em que pudemos recordar ( e alguns, ouvir pela primeira vez) essas conversas tão especiais. [Continuar a ler]

    “Exposição e Tertúlia João dos Santos
    No ano em que se celebra o Centenário do Nascimento de João dos Santos, a Câmara Municipal de Odivelas associou-se a estas comemorações através da uma Exposição sobre a vida e obra do homenageado inaugurada a dia 23 de Outubro e ainda uma Tertúlia realizada no mesmo dia às 17,30 no Centro de Exposições de Odivelas com o patrocínio da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e Adolescência. [Continuar a ler]

    “A Saúde Mental Infantil em Portugal - Uma Revolução de Futuro”
    O lançamento da nova obra de Maria Eugénia Carvalho e Branco ““A Saúde Mental Infantil em Portugal – Uma Revolução de Futuro”” será realizado no dia 8 de Novembro de 2013 pelas 19h30 inserido nas XXI Jornadas da Prática Profissional 2013/2014, da Escola Superior de Educação de Santarém. [Ler mais notícias]

    A Liga Portuguesa de Higiene Mental
    – Associação que mantem como sua principal actividade o funcionamento da linha telefónica de apoio emocional e de Prevenção do Suicídio O SOS VOZ AMIGA – pretende, com o envio desta notícia, associar-se às Comemorações do Centenário de João dos Santos, através da transcrição parcial do Editorial do seu Boletim de Maio 2013, em que são realçadas as valências de uma das Instituições Associativas criadas por João dos Santos: o IAC e posteriormente o SOS Criança. [Ler mais]

    “Vida, Pensamento e Obra de João dos Santos”
    A 2ª Edição (Revista) do livro “Vida, Pensamento e Obra de João dos Santos” de Maria Eugénia Carvalho e Branco acaba de ser publicada pela editora Coisas de Ler. [Ler mais notícias]

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  • A Força das Perguntas

    António Nóvoa
    6 de Setembro de 2013

    João dos Santos é uma presença luminosa do século XX. A sua acção nos domínios da saúde e da educação marca o nosso pensamento mais inteligente, e mais sensível, sobre a infância.
    Os trabalhos deste Centenário, notavelmente dinamizados pelos seus filhos, Paula Santos Lobo e Luís Grijó dos Santos, revelam bem a amplitude, a largueza e a grandeza, daqueles que João dos Santos tocou pelas palavras, pelos gestos, pela relação.
    É uma teia extraordinária de pessoas, de cumplicidades, de afectos, de discípulos no sentido mais nobre do termo. Sim, João dos Santos foi um mestre, um mestre com quem estamos em diálogo neste momento, ao falar dele, ao falar com ele. [Ler texto completo]

     

     



  • João dos Santos

    27 de Novembro de 2014

    João dos Santos é homenageado com a Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos

     


  • Como instalar o aplicativo Kindle gratuito

    1. Seleccione o site da Amazon mais conveniente para o seu país (Brasil, Espanha, Estados Unidos, França…)

    2. Baixe o aplicativo de leitura Kindle gratuito:

    Brasil
    Espanha
    Estados Unidos
    França
    Reino Unido
    Itália
    Índia

    3. Abra o aplicativo e faça o login usando a sua conta da Amazon... e comece a ler no seu computador, tablet ou smartphone.
     

  • “PEDAGOGIA TERAPÊUTICA
    Diálogos e Estudos Luso-Brasileiros Sobre João dos Santos”

    A 2ª Edição (formato Kindle) do livro “PEDAGOGIA TERAPÊUTICA – Diálogos e Estudos Luso-Brasileiros Sobre João dos Santos” está à venda nos sites da Amazon. [Para mais informações clique nesta ligação]

     


     

  • Aula Inaugural do curso “Introdução ao Pensamento de João dos Santos”

     

    A aula inaugural deste curso foi transmitida ao vivo no último dia 22 de Agosto de 2016, no auditório do Instituto Federal do Ceará. No entanto a gravação continua disponível através da seguinte ligação https://www.youtube.com/watch?v=0OOs7Xy-KOo.

    Para mais informações, por favor veja a nossa página dedicada ao curso Introdução ao Pensamento de João dos Santos.

    Os organizadores do curso podem ser contactados através do seguinte e-mail: pensamentosantiano@gmail.com.

     


  • Como compartilhar trechos dos seus livros no Kindle

     

    Leitores de eBooks no Kindle têm ferramentas à sua disposição que lhes permitem compartilhar trechos de livros via e-mail, Facebook, Twitter, outros serviços mensageiros e via outros aplicativos instalados no seu dispositivo.
    As ferramentas disponíveis estão constantemente em evolução e alguns detalhes variam entre sistemas operacionais, aplicativos e dispositivos.
    No entanto, parece-nos útil descrever este processo simples de compartilhamento para um dispositivo Kindle (Kindle Paperwhite) e um aplicativo (Kindle para iPad).
    Para mais informações clique nesta ligação.

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    Ideias Psicopedagógicas do referencial santiano

    Clique na seguinte ligação, para assistir à gravação em VÍDEO da palestra “Ideias Psicopedagógicas do referencial santiano” proferida pela Professora Patrícia Holanda no XV Congresso de História da Educação do Ceará. A gravação da palestra é seguida dum momento musical e dos lançamentos dos livros "Pedagogia Terapêutica" e “Ensaios sobre Educação – I. A criança quem é?”. Para assistir à gravação clique nesta ligação.

     


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    Cecília Menano, João dos Santos e Maria Emília Brederode Santos em conversa

    Clique na seguinte ligação para para visualizar este vídeo do Instituto de Tecnologia Educativa – RTP (1975) A Escolinha de Arte de Cecília Menano – com Cecília Menano, João dos Santos e Maria Emília Brederode Santos, que foi muito generosamente disponibilizado pelo Dr Daniel Sasportes (19 minutos). [Clique nesta ligação]


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    DIÁLOGOS COM JOÃO DOS SANTOS PELO JARDIM DAS AMOREIRAS

    O eBook intitulado Diálogos com João dos Santos pelo Jardim das Amoreiras apresenta um conjunto de estudos realizados no âmbito do curso Introdução ao Pensamento de João dos Santos: estudo sobre a Pedagogia Terapêutica e foi lançado no dia 23 de Setembro de 2017 no XVI Congresso de História da Educação do Ceará em Icó.

    Clique na seguinte ligação para fazer o download gratuito do eBook Diálogos com João dos Santos pelo Jardim das Amoreiras: https://joaodossantos.files.wordpress.com/2017/09/dic3a1logos-com-joc3a3o-dos-santos-pelo-jardim-das-amoreiras-7-setembro-2017-versao-final.pdf

     

     

  • Comentário à apresentação do Livro “Hiperativos – Psicomotricidade Relacional com crianças Hiperativas” de João Costa, 2017

    Vera Oliveira, psicomotricista
    22 de Novembro de 2017

    Sou leitora do João desde 2001, quando nos conhecemos pela 1ª vez… era eu estagiária na Clínica do Parque… sob sua orientação. Ler é muito mais do que o ato de juntar letras em palavras e palavras em frases. “Ler” vem do latim “lego” que significa reunir, colher, juntar peças… criar… Naquela altura o João, embora ainda não o tivesse passado para o papel, já punha em prática com os meninos (alguns agitados) do parque, que tinham entre outras coisas, muitas dificuldades em aprender… já punha em prática que para fazê-los ler tinham muito mais do que saber juntar letras em palavras e palavras em frases. Tinham sobretudo que sentir – sentir o movimento, os materiais (os poucos que existiam na sala de psicomotricidade do parque naquela atura), sentir o outro! – era o impacto… as sensações… acompanhadas com emoções e afectos que precisavam, para serem capazes de produzir sentimentos. E que seria essa sensorialidade, neste livro designada “sensorialidade afectiva” que, dando lugar às memórias afectivas (como descreve António Damásio) fariam a criança reter alguma coisa, e progressivamente aprender coisas sobre alguma coisa.

    Como eu tenho Lido (sem papel) o João desde 2001, o que eu vou tentar fazer é, com base neste seu livro… uma espécie de lista resumida das razões pelas quais eu Leio o João Costa.

    A 1ª é a seguinte: O João toma posição! E não tem medo de tomar posição –  não toma posiçõezinhas, toma posições… com estardalhaço!

    A posição que ele tem sobre a psicomotricidade é muito clara – é clínica! Não é pedagógica… não é recreativa – é clínica.

    Clique na seguinte ligação para ler o texto completo.

     


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    Imagem - A última entrevista de Armando Leandro à frente da Comissão Nacional da Proteção das Crianças

    Clique na imagem para aceder ao vídeo desta entrevista no site da RTP NOTÍCIAS

    RTP NOTÍCIAS

     

    A última entrevista de Armando Leandro à frente da “COMISSÃO NACIONAL DE PROMOÇÃO DOS DIREITOS E PROTEÇÃO DAS CRIANÇAS E JOVENS”.

    Para mais informações sobre a “Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens” siga esta ligação.

     
     


     

  • BIOGRAFIA

    João dos Santos foi o criador da moderna Saúde Mental Infantil em Portugal e o grande impulsionador da viragem da Psiquiatria Infantil que de uma especialidade enraizada na Psiquiatria de adultos passou a uma especialidade autónoma.

    Foi um dos primeiros psicanalistas portugueses e um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Psicanálise.

    Desenvolveu um olhar novo sobre o valor da arte no desenvolvimento da criança e sobre a educação na família, na escola e na comunidade, criando concepções e ensinamentos originais e modos inovadores de formação de pais e professores.

    Como democrata lutou durante o fascismo pela criação de serviços de saúde mental de qualidade que eram então verdadeiros desafios políticos e que continham a semente da prática e dos princípios científicos que preparavam o futuro.

    O seu percurso académico e a sua sólida formação em Psiquiatria e Psicanálise permitiram-lhe proceder a rigorosas pesquisas sobre a criança. João dos Santos criou uma obra escrita inovadora concretizada numa obra institucional em prol da protecção materno-infantil e da prevenção e intervenção em Saúde Mental Infantil. Obra que ainda hoje ajuda a compreender as causas mais profundas do sofrimento psíquico e das patologias da criança, do adolescente e do jovem.

    João dos Santos começou por ser professor de Educação Física, licenciou-se depois em Medicina, tendo logo orientado o seu interesse e formação para a Psiquiatria. Trabalhou com Vítor Fontes no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira e com Barahona Fernandes no Hospital Júlio de Matos onde foi um dinamizador incansável da modernização das clínicas infantis.

    Por motivos políticos (ligação ao Movimento de Unidade Democrática) foi afastado do serviço público.

    Partiu para Paris em 1946 onde sob a orientação de Henri Wallon foi investigador no Centro de Pesquisas Científicas de França (C.N.R.S.) no Laboratório de Biopsicologia da Criança. Trabalhou com G. Heuyer, J. Ajuriaguerra, H. Ey, A. Thomas. Trabalhou também no Serviço de G. Heuyer, primeiro professor de Neuropsiquiatria de França, no Hospital “Enfants Malades” e no Centro Alfred Binet, dirigido por Serge Lebovici. Aqui, entre outros, trabalhava também René Diatkine que seguia como Lebovici as novas correntes psicodinâmicas e se tornaram psicanalistas. Lebovici foi o pioneiro da Psicanálise infantil em França.

    Colaborou ainda com M. Bachet, psiquiatra da penitenciária de Fresnes.

    Regressou a Portugal em 1950.

    João dos Santos criou, com colaboradores, a seção de Higiene Mental do Centro de Assistência Materno-infantil Sofia Abecassis, o Colégio Eduardo Claparède, os dois primeiros Centros Psicopedagógicos portugueses, um na Voz do Operário outro no Colégio Moderno, o Centro Infantil Helen Keller, a Liga Portuguesa de Deficientes Motores, a Associação Portuguesa de Surdos, a Liga Portuguesa contra a Epilepsia. Colaborou na criação do Centro de Saúde Mental Infantil de Lisboa de que foi o seu primeiro director. Aí existiram desde o início, equipas de serviço ambulatório no Dispensário Central e no Dispensário do Hospital Dona Estefânia, além da equipa das clínicas infantis do Hospital Júlio de Matos. Mais tarde foram criados outros serviços como o Laboratório de Electroencefalografia, Laboratório de Bioquímica, a Escola dos Cedros – serviço de adolescentes, a Casa da Praia – Externato de Pedagogia Experimental e a Unidade de Primeira Infância (UPI).

    João dos Santos foi o inspirador da criação do Instituto de Apoio à Criança (IAC).

    Foi Professor na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação e na Escola Nacional de Saúde Pública.

    Em 1984 foi agraciado pelo Presidente da República, General António Ramalho Eanes, com o grau de Comendador da Ordem de Benemerência.

    Em 1985, a Faculdade de Motricidade Humana atribuiu a João dos Santos o título de Doutor Honoris Causa.

    As comemorações deste centenário visam divulgar o pensamento de João dos Santos, ainda hoje tão inovador, com o objectivo de se fazer uma reflexão que indo ao passado, passe pelo presente e se projecte no futuro. Este percurso no tempo e nos lugares, passando pelas várias áreas da sua prática e saber, vai certamente permitir tecer sentidos entre elas e incentivar novas ideias e novas práticas para o futuro.

    Actividades de comemoração do centenário estão a ser organizadas juntamente com a família de João dos Santos, várias personalidades das áreas da saúde, da educação e da cultura e instituições que estiveram a ele ligadas: Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Casa da Praia – Centro Doutor João dos Santos, Departamento de Pedopsiquiatria do Hospital Dona Estefânia, Faculdade de Motricidade Humana, Faculdade de Psicologia, Instituto de Educação, Jardim Infantil Pestalozzi – Fundação Lucinda Atalaya, Sociedade Portuguesa de Psicanálise e outras.

    Várias iniciativas estão já em preparação como a publicação da obra inédita de João dos Santos, reedição de livros já esgotados e encontros a realizar em Setembro.

    Paula Santos Lobo e Luís Grijó dos Santos

     

    Joao dos Santos – capa da nota biográficaClique aqui para fazer o download desta brochura biográfica em formato PDF

     
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  • João dos Santos

    1913 - 1987

    O livro “Prevenir a doença e promover a saúde” de João dos Santos (Ed. Póstuma) foi publicado pela editora Coisas de Ler no dia 4 de Junho de 2013. [Bibliografia]