
Devo ao Dr João dos Santos a vida profissional feliz que vivi.
Encontrei-o pela primeira vez entre os professores que leccionavam na única escola da época que preparava profissionais para o ensino Pré-Escolar e Ensino Primário pelo método de João de Deus. Era pois a escola de João de Deus e estávamos nos primeiros anos de 50.
O Dr. João dos Santos percebeu, sem que lho dissesse, que eu queria ser feliz a viver junto dos que me permitiam reviver as horas felizes da minha própria infância.
Após o curso chamou-me para com ele, com o oftalmologista Dr. Henrique Moutinho e a psico-pedagoga Maria Amália Borges, sua então já colaboradora, iniciar uma vida profissional como docente na obra que aqueles três mestres tinham sonhado e iniciado. Dentro da Liga Portuguesa de Profilaxia da Cegueira criaram a Clínica Infantil de Reeducação de Amblíopes com as secções clínica, psicológica e escolar. A inauguração oficial foi em Fevereiro de 1955 e eu iniciei o meu inexperiente trabalho em Outubro desse mesmo ano.
A formação que me faltava e que o Dr. João dos Santos bem conhecia, foi-me sendo dada por ele e seus colaboradores directos, no país e em França.
Foram anos de crescimento pessoal juntamente com o crescimento daquele núcleo de recuperação de deficientes visuais.
Muitas dificuldades monetárias, muitas incertezas, mas nenhuma desistência de alguém.
Vieram juntar-se depois os deficientes cegos totais e em 1961- 63 os alunos sem deficiência. Aparece então em instalações próprias a placa que oficialmente assinala o Centro Infantil Helen Keller.
Foi pois neste corredor de saberes sonhados, aprendidos, vividos, que fui feliz e que em momento próprio fui pessoalmente dizer ao Mestre João dos Santos, com quem sempre pouco falei, mas de quem sempre senti e entendi a estima, o afecto.
Maria Isabel Vieira Pereira
20/09/2013
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