
Sou um pediatra com sorte – não me formei apenas nos hospitais!
No final dos anos setenta, ainda no início de carreira, a vida profissional arrastou-me quase sem dar por isso para o Centro de Medicina Pedagógica de Lisboa, onde desenvolvi a actividade de saúde escolar paralelamente à pediatria. Aí fiquei até à sua extinção por Decreto em 1993.
Foi lá que conheci o Dr. João dos Santos.
Ele participava, com alguma regularidade, nas reuniões semanais de formação do Centro, onde nos brindava com a sua experiência e sabedoria, aceitando discutir connosco as estratégias de intervenção nos muitos casos de crianças que acompanhávamos nas escolas e no Centro.
Com palavras simples e óbvias, transportava-nos para uma nova percepção do mundo da criança e consequentemente para uma nova dimensão da nossa intervenção como pediatras.
O seu projecto da Casa da Praia, constituiu um modelo exemplar de intervenção psico-pedagógica, e forneceu-nos sempre muitas pistas de orientação para a actividade que as nossas equipas desenvolviam nas escolas. Folgo em saber que o projecto se mantém firme.
Nesse esforço permanente de formação e crescimento participavam activamente todos os técnicos, pediatras, pedo-psiquiatras e psicólogos do Centro. Recordo sessões orientadas pela Maria Adelaide Pinto Correia, Emílio Salgueiro, Orlando Fialho, Manuela Hora, Maria José Lobo Fernandes, Fernanda Alexandre, Pedro Ferro, – mas também por técnicos exteriores ao centro, como David Rodrigues, Sérgio Niza, Ana Benard da Costa, Teresa Ferrreira, Daniel Sampaio, Gomes Pedro e Armando Leandro, entre muitos outros.
Foi um tempo de exaltação profissional e de excelência, que me marcou profundamente e modificou em definitivo o meu modo de pensar a criança e a minha atitude clínica nos anos que se seguiram.
Foi muito bom reencontrar alguns dos nomes que citei, nesta página de homenagem a um homem cujo pensamento e acção uniu e inspirou tanta gente em prol do bem-estar da criança. Bem haja!
António Brito Avô
Médico Pediatra