PERCURSOS IDENTITÁRIOS

 
Dr Augusto Carreira MEDIUMAugusto Carreira
Pedopsiquiatra
Presidente da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e Adolescência
6 de Setembro de 2013 *
 

Antes de entrar propriamente no âmbito das minhas reflexões sobre o que nos trás aqui hoje, queria dizer-vos que foi para mim um motivo de grande satisfação e uma honra, poder participar nesta comemoração, e aqui e ali na sua organização, enquanto representante da APPIA. A contribuição que a nossa Associação possa ter dado para estas comemorações, ficará sempre muito aquém do LEGADO que recebemos de João dos Santos.

O Colóquio que se inicia hoje e todas as iniciativas ligadas à comemoração do Centenário decorre de uma realidade, creio eu partilhada por todos aqueles, que de forma entusiástica a ela se associaram: O Legado científico e humano de João dos Santos impõe-se-nos como tema de reflexão actual, incontornável, e ao mesmo tempo como fonte de inspiração permanente.

Podemos falar de Legado Transgeracional, na medida em que são já várias as gerações influenciadas pelo pensamento de João dos Santos, e que de forma criativa e renovada se têm empenhado na passagem desse testemunho.

Nem toda a obra científica permite este trabalho de recriação. Nem sempre é possível esta introjecção fecundante. Para tal é necessário que o pensamento que a originou tenha essa capacidade rara de estimular o pensamento do Outro, de se oferecer não como portador de dogmas ou verdades absolutas, mas antes de interrogações e inquietações; de se oferecer como modelo inacabado, como referência incompleta. O mesmo é dizer, despido da auto-suficiência do pensamento narcísico.

Por isso mesmo este pensamento se tornou fonte, onde tantos beberam e continuam a beber – de vários quadrantes e formações – o que atesta também a sua diversidade e riqueza.

Não se afirma como modelo ou referência identitária quem quer. Só aqueles que reúnem as condições, eu diria, necessárias e suficientes; e na minha opinião João dos Santos reunia essas condições.

Já tive ocasião de dizer e de escrever, que o meu contacto com João dos Santos foi infelizmente breve. Mas talvez por isso, foi um desses brevíssimos encontros, que me permitiu vivenciar esse momento único em que irrompe e nasce o fenómeno identificativo que nos marca felizmente para sempre. Permito-me pois a partir dele, desenvolver estas simples reflexões, que mais não são que o testemunho do impacto que em mim teve esse breve encontro.

Tinha iniciado o meu percurso na Psiquiatria Infantil há meia dúzia de meses e também com pouco mais de meia dúzia de consultas feitas a sós. Começava também a ensaiar essa experiência de apresentar casos clínicos à equipa, experiência que bem sabemos vem ao princípio carregada de ansiedade, dúvidas e inquietações. Naquela 4ª feira tinha-me calhado a mim a apresentação. Escolhi, pois claro, uma 1ª consulta feita alguns dias antes. Só que, nessa 4ª feira, o Dr. João dos Santos resolveu aparecer na João Penha e assistir à reunião de equipa. O que nunca mais se repetiu; e logo naquele dia. Nada a fazer. Não havia como evitar.

– Vai em frente e seja o que Deus quiser, pensei.

A apresentação saiu de forma atabalhoada, nada me soava coerente ou compreensível. Os apontamentos que levava de nada me serviram e até a mim, a história que queria transmitir me parecia absurda. Era uma equipa onde se discutia muito, muito interventiva, onde quase nada ficava por dizer. Ouvi as opiniões, críticas e sugestões de toda a gente, menos do Dr. João dos Santos. Seguiu-se um daqueles momentos de silêncio, interminável, pelo menos para mim. A certa altura o Dr. João dos Santos levanta-se, e já de pé, diz-me:

– Olhe, faça lá a 2ª consulta para se perceber essa história melhor e vá ter comigo ao meu consultório que eu faço-lhe a supervisão deste caso. E mais não disse. Estupefacção geral. A minha sem dúvida a maior de todas.

– Ficou preocupado por um caso tão complicado ter ido parar às mãos de um iniciado – foi o meu primeiro pensamento – o que provavelmente também correspondia à verdade.

– Percebeu a minha angústia de principiante e resolveu poupar-me; mas também ou sobretudo, amparar-me… senti a seguir.

Tinha João dos Santos 10 anos, presumo que ainda não teria lido Freud, quando este escreveu “ o investimento no objecto e a identificação, não são distintas uma da outra inicialmente”. A Identificação primária é pois aqui concebida como o estabelecer de um elo com o objecto, sob a égide das pulsões de auto-conservação, exactamente quando o EU nascente percebe a sua fragilidade e sente a necessidade de se apoiar e escorar no objecto – num outro EU capaz de o amparar na sua fragilidade. Claro que Freud se referia à relação inicial, primária, com o objecto materno. Mas foi exactamente o que eu senti há muitos anos, face à fragilidade do meu EU nascente neste percurso que tinha decidido trilhar. Senti-me sobretudo, amparado e apoiado.

Parti para a 2ª consulta, onde procurei exercitar todos os meus recursos perceptivos-cognitivos-emocionais. Não podia deixar escapar nada, e desta vez levar material que me redimisse daquela 4ª feira.

Entram mãe e filha (teria esta 5 anos acabados de fazer) para o gabinete. A criança dirige-se de imediato para o canto dos brinquedos; convido a mãe a sentar-se. Mas para meu espanto esta permanece de pé e diz-me:

– Dr., vim só para lhe dizer que o que lhe contei na outra consulta, era tudo mentira. A Rosa (é verdade, foi num tempo em que as meninas ainda podiam ser Rosas), nem sequer é minha filha, e eu vou partir hoje para Espanha e vou levá-la comigo. É minha afilhada e os pais não a podem criar. São muito pobres. Só queria saber se ela é normal, mas acho que é. Obrigada na mesma. Pegou na mão da Rosa e abalou.

Poupo-vos à descrição do meu estado de estupefacção e desorientação. Aquilo não podia estar a acontecer. E a minha supervisão? E que iria dizer o Dr. João dos Santos? Demorei tempo a recompor-me.

Hesitei se deveria ir à supervisão. Que iria eu lá fazer? Pensei telefonar a explicar o que se tinha passado; mas depois achei que seria uma oportunidade para que me explicasse as asneiras que tinha feito, o que é que eu deveria ter percebido e não fui capaz. Por isso no dia aprazado lá me dirigi ao consultório do Dr. João dos Santos, que me recebeu jovialmente:

– Então vamos lá trabalhar. Como é que correu essa 2ª consulta?

– Não houve 2ª consulta; quero dizer, houve; ou melhor, não houve…

João dos Santos olhava para mim com um ar entre o divertido e o intrigado.

-É que a mãe chegou, entrou no gabinete e disse-me:

-Dr., tudo o que lhe contei no outo dia era mentira. Eu nem sequer sou a mãe. Vocês já sabem o resto.

João dos Santos olhou para mim com um sorriso que me tem acompanhado ao longo da vida e em que julgo ter vislumbrado quase todos os cambiantes que um sorriso pode encerrar: divertido, trocista, irónico, tolerante, mas acima de tudo compreensivo.

– Deixe lá-não faz mal. Fica para a próxima. Despediu-se e despediu-me.

Fica para a próxima! Que bem me soube aquela porta aberta para o futuro. Afinal não me tinha dado nenhuma lição. Podia ter aproveitado para me ensinar que a mentira não existe quando estamos com os nossos pacientes, com as famílias e com as crianças. E que frequentemente o que chamamos de mentiras, encerra quase sempre verdades mais eloquentes que os discursos rigorosamente colados e fieis à realidade. Podia pois claro, dar-me uma lição recorrendo ao seu saber e à sua experiência. Podia ter-me confrontado com a minha inexperiência e ignorância. Mas limitou-se a dizer- fica para a próxima! Não ouve próxima. Quero dizer, não me tornei a sentar à sua frente para uma supervisão. Mas talvez aquele sorriso à despedida me tenha acompanhado como uma supervisão permanente. É que eu também julguei ver nele uma outra mensagem: “eu acho que um dia vais ser capaz de perceber que para nós não existem mentiras e vais procurar entender o que elas escondem”. Eu quis acreditar que ele acreditava que eu seria capaz de fazer o meu percurso. E como isso foi e tem sido importante!

Tinha João dos Santos 10 anos, quando Freud escreveu a propósito das identificações: “os investimentos no objecto são abandonados e substituídos por uma identificação…”

Falamos aqui já de Identificações secundárias.

O nosso percurso profissional só é possível se for escorado em referências que se constituam como faróis que nos vão iluminando o caminho. Que se ofereçam como Ideais de um EU (profissional) em construção. Como escreveu Janine Chasseguet-Smirgel, psicanalista francesa, “o Ideal do Eu é uma construção fantasmática ou se quiserem uma instância cujo fim é o de reencontrar um sentimento de completude narcísica… o Ideal do EU modifica-se, é um processo maturativo”. Tal como Freud enunciou em 1914 – e nessa altura João dos Santos não o tinha lido – “O ideal do EU é uma projecção no futuro – que nasce de um desejo de realização, que tenha em conta a realidade.”

Identificarmo-nos ao Mestre não é identificarmo-nos às suas ideias, nem tão pouco aos seus ideais. Será sobretudo identificarmo-nos à sua capacidade de criar, à sua capacidade de acreditar e de realizar, e por consequência sermos capazes de criar os nossos próprios ideais e de os realizarmos. Da parte dos mestres, como dos pais, será necessário que não invistam os discípulos e os filhos como sub-produtos da sua própria realização narcísica, sob pena de os esmagarem com um pensamento invasivo e omnipotente. A renúncia a esse investimento narcísico – que permita aos discípulos a escolha dos seus próprios ideais – pressupõe da parte dos mestres uma suficiente construção narcísica que dispense investimentos de retorno. Que sejam capazes de dispensar essa admiração alienante exigida pelo pensamento totalitário, ainda que muitas vezes disfarçado de erudição.

Por isso – e no que me diz respeito – me interessei por João dos Santos, pelo HOMEM e pela Obra. Por isso me serviu de farol e de ideal.

Para terminar, e já que falei de Legado, Transmissão e Identificações, queria expressar a minha admiração à Paula com quem partilhei também parte do meu percurso profissional, e ao Luis que só agora conheci. Esta comemoração é bem o exemplo do que vos procurei transmitir:

Mostrar a Obra, as suas múltiplas e fecundas transformações, dá-la a conhecer desta forma tão viva e empenhada, é bem o exemplo dessa profunda identificação ao Pai e como disse, sobretudo à sua capacidade de acreditar e de criar.

Referências:

Freud S, (1923) – “O Eu e o Id”

Freud S, (1914) – “Para Introduzir o Narcisismo”

Janine Chasseguet-Smirgel, (1973) – “Ensaio sobre o Ideal do EU”

 
 
 
 
*   Transcrição da conferência proferida pelo Dr. Augusto Carreira no congresso “João dos Santos no século XXI”, 6 de Setembro de 2013

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  • Ligações:


  •  

    Cecília Menano, João dos Santos e Maria Emília Brederode Santos em conversa

    Clique na seguinte ligação para para visualizar este vídeo do Instituto de Tecnologia Educativa – RTP (1975) A Escolinha de Arte de Cecília Menano – com Cecília Menano, João dos Santos e Maria Emília Brederode Santos, que foi muito generosamente disponibilizado pelo Dr Daniel Sasportes (19 minutos). [Clique nesta ligação]

     


  • Photomaton

    Photomaton

    O filme “PHOTOMATON-Retratos de João dos Santos”, realizado por Tiago Pereira e Sofia Ponte é uma produção da Fundação Calouste Gulbenkian e da RTP2 e é colocado neste site com a muito generosa autorização da Fundação Calouste Gulbenkian.

     

  • Crianças Autistas by Ernesto de Sousa

    Clique na seguinte imagem para aceder ao filme
    "Crianças Autistas" by Ernesto de Sousa"
    e depois carregue no botão "Play".
    (este filme não tem som!)  

    imagem de Criancas Autistas by Ernesto de Sousa

    Crianças Autistas
    Realização de Ernesto de Sousa a partir de uma ideia de João dos Santos, 1967
    Operador de câmara: Costa e Silva
    Filme disponibilizado pelo Centro de Estudos Multidisciplinares (CEMES)
    www.ernestodesousa.com

     

  • Programa IFCE no Ar, Radio Universitária

    Entrevista sobre o andamento do curso à distância “Introdução ao Pensamento de João dos Santos”

    Entrevista gravada com a coordenadora do curso “Introdução ao Pensamento de João dos Santos”, Professora Patrícia Holanda da Linha de História da Educação Comparada da UFC (Universidade Federal do Ceará), com o Doutor Luís Grijó dos Santos (filho de João dos Santos), e a coordenadora pedagógica do curso Professora Ana Cláudia Uchôa Araújo da Directoria da Educação à Distancia do IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará). A entrevista foi realizada pelo jornalista Hugo Bispo do Programa IFCE no Ar em 3 de Novembro de 2016.

    Para ouvir a gravação desta entrevista clique nesta ligação.

     


     

  • UM PENSADOR EMOCIONADO

    Professor Doutor José Adriano Barata-Moura

     

    Clique nesta LIGAÇÃO para ver o vídeo "João dos Santos - Um Pensador Emocionado" da conferência do Professor Doutor José Barata-Moura, 7 de Setembro de 2013 no congresso “João dos Santos no século XXI”.

     

     

  • Os Dias da Rádio Em Conversa com João Sousa Monteiro

     
     

    Clique nesta LIGAÇÃO para ver o vídeo "Dias da Rádio - Em Conversa com João Sousa Monteiro".
    Vídeo produzido e realizado no âmbito das XXI Jornadas da Prática Profissional: " O Segredo do Homem é a Própria Infância: Pensar em Educação com João dos Santos" que se realizaram na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém nos dias 8 e 9 de novembro de 2013.

     

     

  • Testemunhos

    “Estimada Paula Santos:"

    Não quero deixar de testemunhar que o seu pai, Dr. João dos Santos, foi uma grande referência para mim, no perfil de psicoterapeuta.

    Fui discípulo seu durante um ano no Hospital Santa Maria e, foi para mim uma experiência admirável pela grande capacidade de lidar com uma criança e através dela captar o seu micromundo. Depois, já na sua ausência, sem quaisquer outros dados, no Seminário dos Internos, descrevia, com espanto para nós, as personalidades dos pais, os seus conflitos, a qualidade de relacionamento. Não segui a psicanálise, mas foi com o seu pai, meu grande querido mestre, que me enriqueci no caminho da psiquiatria clássica.

    O Dr. João dos Santos vai ser tardiamente homenageado pela Ordem dos Médicos, depois de tantas honrarias que recebeu e mereceu. Com esta nova Direcção, a Ordem está a tentar repor publicamente, o mérito de médicos ilustres esquecidos, muitos incómodos, para conhecimento das novas gerações de médicos, a bem dos princípios de justiça, dos valores e da história da medicina portuguesa.
    Com os melhores cumprimentos

    Júlio Pêgo (Psiquiatra)”
    Novembro de 2014
    [Ler mais testemunhos]


  • Notícias

    “A Neurose de Angústia”
    A edição eBook para Kindle do livro “A Neurose de Angústia” está à venda em todos os sites da Amazon.

    [Para mais informações clique aqui]



    "João dos Santos, um caminho diferente na saúde mental"
    Trabalho de métodos qualitativos de Leonor Moreira Rato, supervisado pelo Professor Doutor Miguel Nunes de Freitas do ISPA – Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida. Inclui a transcrição de uma entrevista feita à Professora Doutora Maria Eugénia Carvalho e Branco por Leonor Moreira Rato. [Para mais informações]


    O Senado da Universidade de Lisboa atribui o título de Doutor Honoris Causa ao Pedagogo Sérgio Niza
    A Cerimónia de Investidura do título Doutor Honoris Causa terá lugar no próximo dia 23 de Abril 2015, com início às 18.00 horas, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa. [Continuar a Ler]


    Apresentação do livro de Maria Eugénia Carvalho e Branco pelo Professor Doutor António Coimbra de Matos e pelo Dr Pedro Strecht
    Agradeço à Professora Doutora Maria Eugénia Carvalho e Branco o honroso convite para participar na apresentação do seu livro "João dos Santos. A Saúde Mental Infantil em Portugal. Uma Revolução de Futuro".
    É uma honra e um prazer. Duplos:
    1. Pela elegância da forma e riqueza do conteúdo. Como leitor, primeiro foi o espanto, logo de seguida, o conhecimento – no lúcido dizer do filósofo estagirita; mas sobretudo, o que eu senti foi encantamento face à empolgante transmissão do que foi o Homem e do que é a Obra que nos legou. [Continuar a Ler]

    Revista Visão
    A revista Visão publicou na sua edição de 12 a 18 de Dezembro de 2013 (nº 1084) um artigo sobre João dos Santos, “A criança e o mestre”, subscrita pela jornalista e psicóloga Clara Soares. [Ler o artigo completo]

    Escola Superior de Educação de Santarém
    As Jornadas da Prática Profissional da ESES – “Pensar em Educação com João dos Santos” decorreram muitíssimo bem, com muito entusiasmo, envolvendo alunos e professores, enlaçando pensamento e afecto em todos os presentes e em todos os seus momentos, das conferências aos painéis, dos ateliers para adultos aos ateliers com crianças, dos filmes à escuta dos Dias da Rádio – em que pudemos recordar ( e alguns, ouvir pela primeira vez) essas conversas tão especiais. [Continuar a ler]

    “Exposição e Tertúlia João dos Santos
    No ano em que se celebra o Centenário do Nascimento de João dos Santos, a Câmara Municipal de Odivelas associou-se a estas comemorações através da uma Exposição sobre a vida e obra do homenageado inaugurada a dia 23 de Outubro e ainda uma Tertúlia realizada no mesmo dia às 17,30 no Centro de Exposições de Odivelas com o patrocínio da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e Adolescência. [Continuar a ler]

    “A Saúde Mental Infantil em Portugal - Uma Revolução de Futuro”
    O lançamento da nova obra de Maria Eugénia Carvalho e Branco ““A Saúde Mental Infantil em Portugal – Uma Revolução de Futuro”” será realizado no dia 8 de Novembro de 2013 pelas 19h30 inserido nas XXI Jornadas da Prática Profissional 2013/2014, da Escola Superior de Educação de Santarém. [Ler mais notícias]

    A Liga Portuguesa de Higiene Mental
    – Associação que mantem como sua principal actividade o funcionamento da linha telefónica de apoio emocional e de Prevenção do Suicídio O SOS VOZ AMIGA – pretende, com o envio desta notícia, associar-se às Comemorações do Centenário de João dos Santos, através da transcrição parcial do Editorial do seu Boletim de Maio 2013, em que são realçadas as valências de uma das Instituições Associativas criadas por João dos Santos: o IAC e posteriormente o SOS Criança. [Ler mais]

    “Vida, Pensamento e Obra de João dos Santos”
    A 2ª Edição (Revista) do livro “Vida, Pensamento e Obra de João dos Santos” de Maria Eugénia Carvalho e Branco acaba de ser publicada pela editora Coisas de Ler. [Ler mais notícias]

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  • A Força das Perguntas

    António Nóvoa
    6 de Setembro de 2013

    João dos Santos é uma presença luminosa do século XX. A sua acção nos domínios da saúde e da educação marca o nosso pensamento mais inteligente, e mais sensível, sobre a infância.
    Os trabalhos deste Centenário, notavelmente dinamizados pelos seus filhos, Paula Santos Lobo e Luís Grijó dos Santos, revelam bem a amplitude, a largueza e a grandeza, daqueles que João dos Santos tocou pelas palavras, pelos gestos, pela relação.
    É uma teia extraordinária de pessoas, de cumplicidades, de afectos, de discípulos no sentido mais nobre do termo. Sim, João dos Santos foi um mestre, um mestre com quem estamos em diálogo neste momento, ao falar dele, ao falar com ele. [Ler texto completo]

     

     



  • João dos Santos

    27 de Novembro de 2014

    João dos Santos é homenageado com a Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos

     


  • Como instalar o aplicativo Kindle gratuito

    1. Seleccione o site da Amazon mais conveniente para o seu país (Brasil, Espanha, Estados Unidos, França…)

    2. Baixe o aplicativo de leitura Kindle gratuito:

    Brasil
    Espanha
    Estados Unidos
    França
    Reino Unido
    Itália
    Índia

    3. Abra o aplicativo e faça o login usando a sua conta da Amazon... e comece a ler no seu computador, tablet ou smartphone.
     

  • “PEDAGOGIA TERAPÊUTICA
    Diálogos e Estudos Luso-Brasileiros Sobre João dos Santos”

    A 2ª Edição (formato Kindle) do livro “PEDAGOGIA TERAPÊUTICA – Diálogos e Estudos Luso-Brasileiros Sobre João dos Santos” está à venda nos sites da Amazon. [Para mais informações clique nesta ligação]

     


     

  • Aula Inaugural do curso “Introdução ao Pensamento de João dos Santos”

     

    A aula inaugural deste curso foi transmitida ao vivo no último dia 22 de Agosto de 2016, no auditório do Instituto Federal do Ceará. No entanto a gravação continua disponível através da seguinte ligação https://www.youtube.com/watch?v=0OOs7Xy-KOo.

    Para mais informações, por favor veja a nossa página dedicada ao curso Introdução ao Pensamento de João dos Santos.

    Os organizadores do curso podem ser contactados através do seguinte e-mail: pensamentosantiano@gmail.com.

     


  • Como compartilhar trechos dos seus livros no Kindle

     

    Leitores de eBooks no Kindle têm ferramentas à sua disposição que lhes permitem compartilhar trechos de livros via e-mail, Facebook, Twitter, outros serviços mensageiros e via outros aplicativos instalados no seu dispositivo.
    As ferramentas disponíveis estão constantemente em evolução e alguns detalhes variam entre sistemas operacionais, aplicativos e dispositivos.
    No entanto, parece-nos útil descrever este processo simples de compartilhamento para um dispositivo Kindle (Kindle Paperwhite) e um aplicativo (Kindle para iPad).
    Para mais informações clique nesta ligação.

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    Ideias Psicopedagógicas do referencial santiano

    Clique na seguinte ligação, para assistir à gravação em VÍDEO da palestra “Ideias Psicopedagógicas do referencial santiano” proferida pela Professora Patrícia Holanda no XV Congresso de História da Educação do Ceará. A gravação da palestra é seguida dum momento musical e dos lançamentos dos livros "Pedagogia Terapêutica" e “Ensaios sobre Educação – I. A criança quem é?”. Para assistir à gravação clique nesta ligação.

     


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    Cecília Menano, João dos Santos e Maria Emília Brederode Santos em conversa

    Clique na seguinte ligação para para visualizar este vídeo do Instituto de Tecnologia Educativa – RTP (1975) A Escolinha de Arte de Cecília Menano – com Cecília Menano, João dos Santos e Maria Emília Brederode Santos, que foi muito generosamente disponibilizado pelo Dr Daniel Sasportes (19 minutos). [Clique nesta ligação]


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    DIÁLOGOS COM JOÃO DOS SANTOS PELO JARDIM DAS AMOREIRAS

    O eBook intitulado Diálogos com João dos Santos pelo Jardim das Amoreiras apresenta um conjunto de estudos realizados no âmbito do curso Introdução ao Pensamento de João dos Santos: estudo sobre a Pedagogia Terapêutica e foi lançado no dia 23 de Setembro de 2017 no XVI Congresso de História da Educação do Ceará em Icó.

    Clique na seguinte ligação para fazer o download gratuito do eBook Diálogos com João dos Santos pelo Jardim das Amoreiras: https://joaodossantos.files.wordpress.com/2017/09/dic3a1logos-com-joc3a3o-dos-santos-pelo-jardim-das-amoreiras-7-setembro-2017-versao-final.pdf

     

     

  • Comentário à apresentação do Livro “Hiperativos – Psicomotricidade Relacional com crianças Hiperativas” de João Costa, 2017

    Vera Oliveira, psicomotricista
    22 de Novembro de 2017

    Sou leitora do João desde 2001, quando nos conhecemos pela 1ª vez… era eu estagiária na Clínica do Parque… sob sua orientação. Ler é muito mais do que o ato de juntar letras em palavras e palavras em frases. “Ler” vem do latim “lego” que significa reunir, colher, juntar peças… criar… Naquela altura o João, embora ainda não o tivesse passado para o papel, já punha em prática com os meninos (alguns agitados) do parque, que tinham entre outras coisas, muitas dificuldades em aprender… já punha em prática que para fazê-los ler tinham muito mais do que saber juntar letras em palavras e palavras em frases. Tinham sobretudo que sentir – sentir o movimento, os materiais (os poucos que existiam na sala de psicomotricidade do parque naquela atura), sentir o outro! – era o impacto… as sensações… acompanhadas com emoções e afectos que precisavam, para serem capazes de produzir sentimentos. E que seria essa sensorialidade, neste livro designada “sensorialidade afectiva” que, dando lugar às memórias afectivas (como descreve António Damásio) fariam a criança reter alguma coisa, e progressivamente aprender coisas sobre alguma coisa.

    Como eu tenho Lido (sem papel) o João desde 2001, o que eu vou tentar fazer é, com base neste seu livro… uma espécie de lista resumida das razões pelas quais eu Leio o João Costa.

    A 1ª é a seguinte: O João toma posição! E não tem medo de tomar posição –  não toma posiçõezinhas, toma posições… com estardalhaço!

    A posição que ele tem sobre a psicomotricidade é muito clara – é clínica! Não é pedagógica… não é recreativa – é clínica.

    Clique na seguinte ligação para ler o texto completo.

     


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    Imagem - A última entrevista de Armando Leandro à frente da Comissão Nacional da Proteção das Crianças

    Clique na imagem para aceder ao vídeo desta entrevista no site da RTP NOTÍCIAS

    RTP NOTÍCIAS

     

    A última entrevista de Armando Leandro à frente da “COMISSÃO NACIONAL DE PROMOÇÃO DOS DIREITOS E PROTEÇÃO DAS CRIANÇAS E JOVENS”.

    Para mais informações sobre a “Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens” siga esta ligação.

     
     


     

  • BIOGRAFIA

    João dos Santos foi o criador da moderna Saúde Mental Infantil em Portugal e o grande impulsionador da viragem da Psiquiatria Infantil que de uma especialidade enraizada na Psiquiatria de adultos passou a uma especialidade autónoma.

    Foi um dos primeiros psicanalistas portugueses e um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Psicanálise.

    Desenvolveu um olhar novo sobre o valor da arte no desenvolvimento da criança e sobre a educação na família, na escola e na comunidade, criando concepções e ensinamentos originais e modos inovadores de formação de pais e professores.

    Como democrata lutou durante o fascismo pela criação de serviços de saúde mental de qualidade que eram então verdadeiros desafios políticos e que continham a semente da prática e dos princípios científicos que preparavam o futuro.

    O seu percurso académico e a sua sólida formação em Psiquiatria e Psicanálise permitiram-lhe proceder a rigorosas pesquisas sobre a criança. João dos Santos criou uma obra escrita inovadora concretizada numa obra institucional em prol da protecção materno-infantil e da prevenção e intervenção em Saúde Mental Infantil. Obra que ainda hoje ajuda a compreender as causas mais profundas do sofrimento psíquico e das patologias da criança, do adolescente e do jovem.

    João dos Santos começou por ser professor de Educação Física, licenciou-se depois em Medicina, tendo logo orientado o seu interesse e formação para a Psiquiatria. Trabalhou com Vítor Fontes no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira e com Barahona Fernandes no Hospital Júlio de Matos onde foi um dinamizador incansável da modernização das clínicas infantis.

    Por motivos políticos (ligação ao Movimento de Unidade Democrática) foi afastado do serviço público.

    Partiu para Paris em 1946 onde sob a orientação de Henri Wallon foi investigador no Centro de Pesquisas Científicas de França (C.N.R.S.) no Laboratório de Biopsicologia da Criança. Trabalhou com G. Heuyer, J. Ajuriaguerra, H. Ey, A. Thomas. Trabalhou também no Serviço de G. Heuyer, primeiro professor de Neuropsiquiatria de França, no Hospital “Enfants Malades” e no Centro Alfred Binet, dirigido por Serge Lebovici. Aqui, entre outros, trabalhava também René Diatkine que seguia como Lebovici as novas correntes psicodinâmicas e se tornaram psicanalistas. Lebovici foi o pioneiro da Psicanálise infantil em França.

    Colaborou ainda com M. Bachet, psiquiatra da penitenciária de Fresnes.

    Regressou a Portugal em 1950.

    João dos Santos criou, com colaboradores, a seção de Higiene Mental do Centro de Assistência Materno-infantil Sofia Abecassis, o Colégio Eduardo Claparède, os dois primeiros Centros Psicopedagógicos portugueses, um na Voz do Operário outro no Colégio Moderno, o Centro Infantil Helen Keller, a Liga Portuguesa de Deficientes Motores, a Associação Portuguesa de Surdos, a Liga Portuguesa contra a Epilepsia. Colaborou na criação do Centro de Saúde Mental Infantil de Lisboa de que foi o seu primeiro director. Aí existiram desde o início, equipas de serviço ambulatório no Dispensário Central e no Dispensário do Hospital Dona Estefânia, além da equipa das clínicas infantis do Hospital Júlio de Matos. Mais tarde foram criados outros serviços como o Laboratório de Electroencefalografia, Laboratório de Bioquímica, a Escola dos Cedros – serviço de adolescentes, a Casa da Praia – Externato de Pedagogia Experimental e a Unidade de Primeira Infância (UPI).

    João dos Santos foi o inspirador da criação do Instituto de Apoio à Criança (IAC).

    Foi Professor na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação e na Escola Nacional de Saúde Pública.

    Em 1984 foi agraciado pelo Presidente da República, General António Ramalho Eanes, com o grau de Comendador da Ordem de Benemerência.

    Em 1985, a Faculdade de Motricidade Humana atribuiu a João dos Santos o título de Doutor Honoris Causa.

    As comemorações deste centenário visam divulgar o pensamento de João dos Santos, ainda hoje tão inovador, com o objectivo de se fazer uma reflexão que indo ao passado, passe pelo presente e se projecte no futuro. Este percurso no tempo e nos lugares, passando pelas várias áreas da sua prática e saber, vai certamente permitir tecer sentidos entre elas e incentivar novas ideias e novas práticas para o futuro.

    Actividades de comemoração do centenário estão a ser organizadas juntamente com a família de João dos Santos, várias personalidades das áreas da saúde, da educação e da cultura e instituições que estiveram a ele ligadas: Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Casa da Praia – Centro Doutor João dos Santos, Departamento de Pedopsiquiatria do Hospital Dona Estefânia, Faculdade de Motricidade Humana, Faculdade de Psicologia, Instituto de Educação, Jardim Infantil Pestalozzi – Fundação Lucinda Atalaya, Sociedade Portuguesa de Psicanálise e outras.

    Várias iniciativas estão já em preparação como a publicação da obra inédita de João dos Santos, reedição de livros já esgotados e encontros a realizar em Setembro.

    Paula Santos Lobo e Luís Grijó dos Santos

     

    Joao dos Santos – capa da nota biográficaClique aqui para fazer o download desta brochura biográfica em formato PDF

     
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  • João dos Santos

    1913 - 1987

    O livro “Prevenir a doença e promover a saúde” de João dos Santos (Ed. Póstuma) foi publicado pela editora Coisas de Ler no dia 4 de Junho de 2013. [Bibliografia]