A Mãe e a Escola como Promotores de Inclusão Social das Crianças com Necessidades Especiais na Abordagem de João dos Santos

Clara Castilho MEDIUM

Clara Castilho – Psicóloga, Vice-Presidente do Centro Doutor João dos Santos – Casa da Praia
Junho de 2015

Os primeiros textos de João dos Santos datam da década de 40, altura em que começou a trabalhar, primeiro como professor de educação física, em escolas chamadas “operárias”, dado que resultavam de iniciativas de organizações de base da comunidade, e depois enquanto médico, que viria a especializar-se em psiquiatria geral e depois de crianças.

Dirigiam-se as suas intervenções, faladas ou escritas, a um público em geral (publicadas em jornais de fácil acesso e daí ser fácil leitura e compreensão), a técnicos e pais.

Viria a ter uma intervenção cívica de que sofreria as consequências na sua vida pessoal, numa época em que Portugal vivia em ditadura, com a ausência forçada do país e trabalho em França, mas que teria os seus frutos a nível da sua própria aprendizagem pessoal, com a formação em psicanálise e contacto com todos os maiores especialistas que então investigavam e trabalhavam na França do após II Guerra Mundial. Foi essa experiência que mais tarde trouxe para Portugal e que, associada à sua muito própria visão de qual deveria ser a forma de viver e intervir em sociedade, veio a frutificar nos serviços de saúde mental infantil, experiência refletida nos seus escritos que ainda hoje nos inspiram.

Numa época em que eram poucas as crianças a terem acesso a uma instrução escolar mínima, numa época em que só uma pequena elite tinha os seu filhos em jardins de infância, numa época em que muitas das crianças iam para a escola descalças e percorrendo quilómetros a pé, para as crianças portadores de qualquer deficiência, a atenção por parte do Estado de então resumia-se à intervenção de um instituto (Instituto Aurélio da Costa Ferreira) onde se analisavam os quocientes de inteligência e pouco mais.

João dos Santos com as novas formas de olhar o desenvolvimento infantil, ajudou na organização do apoio às famílias das crianças “deficientes”, impulsionando a criação de instituições para lhes dar uma resposta satisfatória, a nível dos vários deficits (visuais, auditivos, motores e cognitivos). A história do apoio a crianças com necessidades especiais em Portugal é impossível de fazer sem a referência a estas instituições, muitas das quais ainda hoje existem, sem a referência ao papel propulsor que João dos Santos então teve.

Já como psiquiatra da infância, a sua contribuição não foi menor, dada a sua intervenção enquanto diretor do Centro de Saúde Mental Infantil e Juvenil de Lisboa (desde a sua criação em 1965 até à sua aposentação – 1982), tendo influenciado várias gerações de técnicos por todo o país.

Se analisarmos as suas ideias e a época em que as defendeu e compararmos com muitos dos teóricos conhecidos internacionalmente, vemos não só a precocidade do que defendeu mas também, ainda hoje, a sua atualidade.

Há algumas ideias base que se veem refletidas em todo a sua obra e que são, de alguma forma, transversais aos vários domínios que nela aborda:

“Saúde não é apenas medicina, saúde mental não é igual a psiquiatria”(1975); “A todos os níveis de prevenção, tratamento e recuperação, a participação da comunidade é indispensável”( 1982). “Desde jovem compreendi que a Educação e a Saúde tinham que ver com a democracia e que eram incompatíveis com a ausência da liberdade (1974).

Manteve sempre como ideia predominante a necessidade de fazer coisas que ajudassem a proteger a criança, para que ela pudesse crescer saudavelmente, focando-se na ideia de que, no âmago de todos nós, permanece a criança que fomos e que deve permanecer viva, sonhadora e aberta à relação. Na sua ação formativa podemos ver que ligava o conhecimento à ação, ensinava que se aprendia fazendo, experimentando, analisando.

João dos Santos, enquanto psicanalista, considerava que a teoria e a prática psicanalítica podem interpretar os fenómenos educativos mas não orientá-los. Disso é exemplo o último livro que acabou em vida “A Casa da Praia- o Psicanalista na escola” (1988).

A FAMÍLIA

Sabemos que a família é o espaço psíquico em que a história do grupo familiar vai influenciar as relações entre os seus elementos, o lugar onde se estrutura a personalidade individual de cada criança. Se a criança precisa para ser gerada de uma célula masculina e doutra feminina, não pode equilibrar-se psicologicamente se não tiver à sua disposição afeto e modelos masculinos e femininos recebidos e retribuídos em relações simples, quer dizer binárias ou didáticas ( mãe -filho) ou triangulares (mãe-filho-pai ou autoridade do clã ou grupo), frisou João dos Santos.

Na família, a criança deve ser objeto de prestação de cuidados que satisfaçam as necessidades físicas e afetivas, deve sentir assegurada a sua proteção e ser alvo da socialização que a levará aos valores da sociedade em que está inserida e à sua cultura, num caminho que a leve a ser, também ela própria, o seu futuro transmissor. É neste contexto relacional e afetivo que ela, criança, vai poder desenvolver-se e construir a sua identidade.

João dos Santos defendeu, e frisamos que desde 1953, que o bebé começa por investir a mãe, senti-la subjetivamente, de uma forma corporal, para depois a usar de uma forma subjetiva. Ela, mãe, só passa a ser objeto de amor quando o bebé consegue atribuir-lhe qualidades afetivas, que o satisfazem, passando a ser uma imagem, um “imago”, diferente da pessoa real, que irá construir o seu psiquismo humano.

É a partir deste espaço de interação, criado entre a mãe e o bebé, que se parte para as relações com a família, e mais tarde a sociedade, construído a partir do processo de vinculação, matriz fundamental para o posterior desenvolvimento emocional e relacional da criança. O bebé adquire ou não um sentimento de segurança básica, nos outros e no mundo, se as respostas aos seus sinais forem as adequadas. A este envolvimento chamou João dos Santos  “estimulante psíquico” ( 1982).

No entanto, para que se verifique desenvolvimento, aprendizagem e interação social, é necessário a intervenção de um terceiro, habitualmente o pai, criando uma estrutura triangular, pois “na díada não é preciso pensar e é o terceiro que nos faz pensar”. A mãe só estará disponível para o seu bebé quando apoiada pela figura paterna. A mãe abandonada tenderá a abandonar afetivamente o seu filho, ou a servir-se dele como objeto de compensação da sua frustração. Diz ele ser necessário uma diversidade de modelos para que a criança possa crescer.

A família tem passado por diversas alterações ao longo dos tempos. Na atualidade prevalecem indicadores de mudança social que são espelho de alterações significativas na estrutura familiar e que levam a família a enfrentar uma variedade imensa de novos desafios. O papel renovado da mulher no mercado laboral, associado à longa distância dos locais de trabalho, levou à diminuição do tempo que pais e filhos passam juntos. Além disso temos assistido a uma maior distanciação entre as gerações familiares, o que levou à progressiva nuclearização familiar. O apoio da família alargada está hoje menos presente. A desvalorização da vida comunitária veio, por outro lado, trazer um maior isolamento familiar.

A ESCOLA

O caminho do reconhecimento de que todas as crianças têm direito à educação foi longo. O caminho desde que se chamavam às crianças com menos capacidades “anormais”, até à identificação de “deficits cognitivos” foi acompanhando a investigação científica. A aceitação e conhecimento de forma de atuar em relação a determinadas deficiências foi num crescendo. É fácil reconhecer que uma criança se integra numa determinada categoria quando uma “deficiência” é visível a olho nu. Reconhecer que algumas crianças podem ter dificuldades de aprendizagem por outros motivos, crianças que também têm “necessidades especiais”,  é mais difícil.

Muitas vezes, as dificuldades de aprendizagem decorrem da discrepância educacional significativa entre o potencial intelectual estimado e o nível de realização que a criança consegue manifestar. As crianças não entendem as exigências escolares que lhes são feitas e, mesmo que o queiram fazer, não as conseguem realizar. Para estas, é mais difícil compreender os seus impasses e preconizar medidas adequadas.

Depois da Declaração de Salamanca, já lá vão 20 anos, a “educação para todos” veio para ficar, mesmo para as crianças e jovens com necessidades educativas especiais. Mas veio para ficar em determinado lugar – nas escolas regulares e através duma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro das suas necessidades. Passou a considerar-se que essas crianças têm “necessidades educativas especiais” e que a escola deve ser inclusiva.

Sobre as medidas (ou sua ausência…) para uma verdadeira implementação no meu país destes princípios orientadores desta Declaração Universal não me irei pronunciar, não cabe aqui essa reflexão.

Cabe, isso sim, ver como João dos Santos, anos e anos antes, preconizava soluções para estas crianças. Sempre estabeleceu uma íntima articulação entre família, comunidade e escola. Porque não pode existir sociedade sem educação, a escola é inevitável, necessária e deve ser obrigatória. Mas a escola só atingirá os seus objetivos quando for para todos, isto é, quando a educação se não fizer apenas nos edifícios escolares, mas no meio familiar e em todos os locais onde as crianças se movem.

 “Aprender, é investigar e conhecer através da própria experiência adquirida”; (mas) “Uma criança quando entra para a escola já sabe tudo o que é basilar para condicionar um comportamento humano” (1969).

A higiene mental na escola é muito importante para melhorar o rendimento das crianças, mas a prevenção das dificuldades escolares deve fazer-se mais precocemente, na idade pré-escolar e até mesmo antes. Dizia, paradoxalmente que o insucesso escolar se combate nas maternidades…

E QUANDO NEM TUDO CORRE BEM?

Teríamos, pois, uma família e uma escola “ideais”, onde tudo, supostamente, correria bem, onde a criança faria o seu caminho de crescimento, de uma forma harmoniosa e sem sobressaltos. Então, quando algo corre mal?

Consideramos hoje que são obstáculos para aprender: meios socioeconómicos pobres; delinquência; dificuldade nas relações e de linguagem; ter sido vítima de maus tratos; toxicodependência; psicopatologia; stress continuado; situações de crise; problemas relacionados com as transições na escola e as fases da vida; mudanças súbitas na família. Assim, muitas vezes, a igualdade de oportunidades de sucesso está comprometida, à partida, nas suas intenções e a escola não pode, magicamente, anular as diferenças profundas de que as crianças são portadoras.

Se a criança estiver motivada para as aprendizagens, tiver apoio familiar e encontrar uma escola que a saiba “olhar”, então, a evolução far-se-á mais ou menos sem sobressaltos e sem insucessos.

Os riscos de insucesso na escola, são-no no plano da aquisições de conhecimentos a utilizar no futuro, o que implica o insucesso na vida, na capacidade de amar, de ser amado, de usar as competências de modo construtivo e ativo. Mas, se a criança já apresentar perturbações, provir de uma família com algum tipo de problemas, leva para a escola problemas que vão perturbar o normal funcionamento das atividades escolares e o seu percurso pessoal e escolar. Para eles, a resposta não passa apenas pela intervenção dos professores. Para além disso, a acumulação de fatores de risco multiplica as possibilidades de insucesso.

João dos Santos mostrou que todos os sintomas da idade escolar têm a ver com fracassos da luta psíquica da criança contra a sua própria ansiedade e/ou depressão, reforçando claramente a ligação entre escola e saúde mental. Muitas destas crianças ficam paralisadas por emoções que não conseguem integrar psiquicamente, sendo que as dificuldades escolares ou os problemas de comportamento não são mais do que meros sinais ou sintomas desse mal estar ou sofrimento interno.

Reagiu sempre contra a ideia de que a inadaptação ao ensino provém ou da incapacidade intelectual ou da má vontade do aluno. Para ele, a qualidade das principais instituições em que essa evolução se processa, a família em primeiro lugar, irá condicionar a evolução das crianças “deficientes”. Assim, é necessário acudir às necessidades educativas especiais não só no pré-escolar mas também ter em atenção o modo como se processa o desenvolvimento da criança desde que nasce.

Citamos: “O problema básico do deficiente é o da perturbação emocional que a doença causou na família e que perturba as relações psicológicas intrafamiliares. Por isso as famílias dos deficientes devem ser apoiadas o mais precocemente possível.” (1983).

No emprego de termos classificatórios, João dos Santos sempre foi muito cuidadoso, chamando a atenção para a necessidade de encarar a pessoa como um todo e não como a portadora de um deficit ou sintoma. Quando usou o termo “deficiência foi porque era a adequada no tempo histórico.

Há crianças vítimas de contextos familiares traumatizantes. Será precisamente com estas famílias que temos de trabalhar para que se possam tornar para a criança um espaço seguro para encontrar novas experiências, para que os pais compreendam as suas próprias necessidades emocionais (pensando-se enquanto filhos, para depois se pensarem enquanto pais) e as dos seus filhos, aumentando a qualidade de relação entre todos. Só com comunicações maturativas, regulares e previsíveis é que a criança poderá sentir suporte e proteção, verdadeiro afeto e viver o seu tempo de crianças de forma equilibrada, num percurso pessoal, escolar e social em que a saúde mental predomine.

Neste caminho é necessário uma postura colaborativa e de co-construção da intervenção com as famílias, responsabilizando-as pelos processos de mudança e dando-lhes espaço para ampliar as suas potencialidades e inibir as suas fragilidades.

Da nossa experiência, vemos muitas vezes que a vivência num contexto familiar com mães deprimidas, ausência de pai ou pai autoritário, impulsivo ou violento (Santos, 1988), leva a que as crianças se sintam cheias de confusões interiores que não lhes permitem a abertura para o saber pois só a partir do momento em que consigam “pensar-se” como um ser autónomo, é que poderão investir os saberes escolares.

Aos pais destas crianças, crianças que não correspondem ao projeto que fizeram para elas, e cujos insucessos correspondem a “falhas” sentidas na sua autoestima, é preciso não nos pormos numa posição de que nós é que sabemos como se deve educar, é preciso não acentuar a ideia de que eles são incapazes. Mais do que concelhos, precisam de ser ajudados a encontrar respostas.

João dos Santos lembrou a importância do primeiro contacto na relação que se estabelece no trabalho terapêutico com estes pais. Disse ele aos pais de uma criança: “obrigado por terem tido a coragem de pedir ajuda para resolver o problema do vosso filho”.

Partindo da sua experiência de apoio a crianças com deficiência física e mental e suas famílias, considerou que “o estudo da metodologia educativa, aplicável às crianças-problema, contribui para o aparecimento de metodologias aplicáveis às crianças em geral”(1982). Partindo da reflexão sobre as instituições que ajudou a criar, afirmou que “as iniciativas privadas de solidariedade social, não caritativas, têm para os pais a vantagem de os implicar direta e coletivamente na saúde e na educação dos filhos; têm para o Estado a vantagem de apoiar os pais numa base mais sólida, mais económica e mais eficaz.”

Podemos pôr a questão da “reeducação” e da “recuperação” das crianças deficientes. Em 1954, João dos Santos afirmava: “Qualquer dos aspetos relativos à reeducação das crianças e adolescentes deficientes é duma extrema importância visto que a recuperação deve aproveitar as possibilidades da criança desde a primeira hora da doença ou dos primeiros meses após o nascimento”(1954).

João dos Santos acreditava que era sempre possível fazer algo por estas crianças e adolescentes, que a “irrecuperabilidade” não fazia sentido, que se podiam modificar, pelo menos em certos aspetos, as condições que condicionam a sua existência. Mas, alertava, tal deveria ser feito o mais cedo possível, com uma intervenção educativa precoce centrada na família (1953).

“A todos os níveis de prevenção, tratamento e recuperação, a participação da comunidade é indispensável”(1982); “A recuperação, para mim, tem vários graus, o primeiro e mais importante dos quais é a condição humana….(1983).

A preocupação com as crianças com necessidades educativas especiais implica pensar nelas num futuro. Se não intervirmos atempadamente, a sua inclusão social fica comprometida, podendo vir a tornarem-se em cidadãos excluídos, sem utilidade para a sociedade e sem projeto de vida em que a felicidade esteja presente. Nesse sentido, João dos Santos defendeu, em 1971, a estipulação de um salário mínimo para deficientes profundos, explicitando:

“Se não acudirmos às 200.000 crianças deficientes, não poderemos fugir às futuras despesas – neste caso perdidas – de hospitalização dos futuros loucos e das consequências que um sem número de deficientes não hospitalizáveis, mas de facto doentes, virão introduzir na saúde pública da nação, sem esquecer o aumento da criminalidade irresponsável e a fraca produtividade no trabalho”- (1971)

Pensemos no aqui e agora. Aqui, Portugal, ano de 2015. No âmbito do sistema educativo, vigora o Decreto–Lei nº 3/2008, que preconiza que todas as crianças tenham o direito à inscrição na escola regular, independentemente das suas condições de desenvolvimento. Os dados indicam que – no ano letivo de 2012/2013 havia cerca de 62 mil alunos com necessidades educativas especiais. Só cerca de mil não estavam inseridos em escolas do ensino regular.

Os pais, em Portugal estão organizados numa associação, a “Pais em Rede” (http://www.paisemrede.pt/). Pretendem construir um mundo onde os deficientes sejam olhados como pessoas em toda a sua plenitude e o papel das suas famílias valorizado.

Sintetizando:

A mãe e a escola podem e devem ser promotores da inclusão social de crianças com necessidades educativas especiais. João dos Santos desde a década de 50 do século passado sobre isso escreveu e desde essa época impulsionou a comunidade no sentido de lhes dar resposta. Frisemos, no entanto que, quando dizemos “mãe”, referimo-nos ao todo, ao apoio necessário do núcleo em que está inserida.

No relatório da UNICEF, “SITUAÇÃO MUNDIAL DA INFÂNCIA 2013”, no que se refere às Crianças com Deficiência, num título: “Da exclusão à inclusão”, afirma-se: “Crianças com deficiência encontram diferentes formas de exclusão e são afetadas por elas em níveis diversos, dependendo de fatores como o tipo de deficiência, o local onde moram e a cultura ou a classe social a que pertencem”. Uma estimativa amplamente utilizada indica que 93 milhões de crianças – ou uma em cada 20 crianças com 14 anos de idade ou menos – vivem com algum tipo de deficiência moderada ou grave. Num trajeto da exclusão à inclusão, preconiza-se a adoção de uma abordagem baseada no respeito aos direitos, às aspirações e ao potencial de todas as crianças para se poder reduzir a vulnerabilidade de crianças com deficiência face à discriminação, à exclusão e a abusos vários.

A boa inserção escolar, os bons resultados nas aprendizagens são imprescindíveis para uma boa inclusão social, para que um indivíduo pode ser útil socialmente.

“ A educação pretende que cada cidadão seja um Homem, um Homem fisicamente equilibrado, consciente da sua missão de obreiro do progresso e disposto a ocupar na vida o lugar que lhe compete”(1945).

Ao fim e ao cabo, as aprendizagens são feitas “não só nos edifícios escolares mas também nas casas e nas praças públicas, nos campos e nas praças” (1978) e “A educação e a saúde são tarefas de todos os cidadãos”(1982). Tarefas de todos os cidadãos, sem preconceitos, sem marginalizações, dando a todos as condições de crescimento e vida social a que têm direito. Um desafio para todos nós!

BIBLIOGRAFIA

BRANCO, M.Eugénia.  Pensamento e Obra de João dos Santos. Lisboa: Livros Horizonte, 2000.

BRANCO, M.Eugénia.  João dos Santos – Saúde Mental e Educação. Lisboa: Coisas de Ler, 2010.

BRANCO, M.Eugénia João dos Santos – Saúde Mental Infantil em Portugal. Lisboa: Coisas de Ler, 2014.

CASTILHO, Clara, SALGUEIRO, Emílio (coord). O segredo do Homem é a própria infância: O Centro Doutor João dos Santos – Casa da Praia: 30 anos depois. Lisboa: Assírio e Alvim, 2005.

CASTILHO, Clara, STRECHT, Pedro  (coord). João dos Santos, memórias para o futuro. Lisboa: Centro Doutor João dos Santos, 2014.

MORATO, Pedro. Mais ética, menos estética: Contributo para uma cultura da Inclusão. Revista de Educação Especial e Reabilitação, Lisboa, v 10 (1), 7-11, 2003.

SANTOS, João. Réeducation physique des troubles neuropsychiques. (separata de revista sem referência), 1953.

SANTOS, João. Texto não publicado. Relatório apresentado aos serviços superiores, 1954.

SANTOS, João.  La valeur du symptome dans le domaine préventif. La Psychiatrie de l’Enfant, 6(1):139-242, 1963.

 SANTOS, João. Ensaio duma classificação nosológica para a psiquiatria infantil. Anais Portugueses de Psiquiatria (separata), 21(18):469-488, 1969.

SANTOS, João. Entrevista ao Diário de Notícias, 1971.

SANTOS, João. Introdução ao estudo das neuroses e sintomas reactivos da criança. Rev. Port.Ped.,4:457-477, 1973.

SANTOS, João, BERGE, André.   A higiene mental na escola. Lisboa: Livros Horizonte,1976.

SANTOS,  João.  A caminho de uma utopia…Um Instituto da criança. Lisboa: Livros Horizonte, 1982.

SANTOS, João.  Ensaios sobre educação – I. A criança quem é ?. Lisboa: Livros Horizonte,1982.

SANTOS, João.  Ensaios sobre educação – II. O falar das letras. Lisboa: Livros Horizonte,1983.

SANTOS, João.  A Casa da Praia – O psicanalista na escola. Lisboa: Livros Horizonte,1988.


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  • Ligações:


  •  

    Cecília Menano, João dos Santos e Maria Emília Brederode Santos em conversa

    Clique na seguinte ligação para para visualizar este vídeo do Instituto de Tecnologia Educativa – RTP (1975) A Escolinha de Arte de Cecília Menano – com Cecília Menano, João dos Santos e Maria Emília Brederode Santos, que foi muito generosamente disponibilizado pelo Dr Daniel Sasportes (19 minutos). [Clique nesta ligação]

     


  • Photomaton

    Photomaton

    O filme “PHOTOMATON-Retratos de João dos Santos”, realizado por Tiago Pereira e Sofia Ponte é uma produção da Fundação Calouste Gulbenkian e da RTP2 e é colocado neste site com a muito generosa autorização da Fundação Calouste Gulbenkian.

     

  • Crianças Autistas by Ernesto de Sousa

    Clique na seguinte imagem para aceder ao filme
    "Crianças Autistas" by Ernesto de Sousa"
    e depois carregue no botão "Play".
    (este filme não tem som!)  

    imagem de Criancas Autistas by Ernesto de Sousa

    Crianças Autistas
    Realização de Ernesto de Sousa a partir de uma ideia de João dos Santos, 1967
    Operador de câmara: Costa e Silva
    Filme disponibilizado pelo Centro de Estudos Multidisciplinares (CEMES)
    www.ernestodesousa.com

     

  • Programa IFCE no Ar, Radio Universitária

    Entrevista sobre o andamento do curso à distância “Introdução ao Pensamento de João dos Santos”

    Entrevista gravada com a coordenadora do curso “Introdução ao Pensamento de João dos Santos”, Professora Patrícia Holanda da Linha de História da Educação Comparada da UFC (Universidade Federal do Ceará), com o Doutor Luís Grijó dos Santos (filho de João dos Santos), e a coordenadora pedagógica do curso Professora Ana Cláudia Uchôa Araújo da Directoria da Educação à Distancia do IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará). A entrevista foi realizada pelo jornalista Hugo Bispo do Programa IFCE no Ar em 3 de Novembro de 2016.

    Para ouvir a gravação desta entrevista clique nesta ligação.

     


     

  • UM PENSADOR EMOCIONADO

    Professor Doutor José Adriano Barata-Moura

     

    Clique nesta LIGAÇÃO para ver o vídeo "João dos Santos - Um Pensador Emocionado" da conferência do Professor Doutor José Barata-Moura, 7 de Setembro de 2013 no congresso “João dos Santos no século XXI”.

     

     

  • Os Dias da Rádio Em Conversa com João Sousa Monteiro

     
     

    Clique nesta LIGAÇÃO para ver o vídeo "Dias da Rádio - Em Conversa com João Sousa Monteiro".
    Vídeo produzido e realizado no âmbito das XXI Jornadas da Prática Profissional: " O Segredo do Homem é a Própria Infância: Pensar em Educação com João dos Santos" que se realizaram na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém nos dias 8 e 9 de novembro de 2013.

     

     

  • Testemunhos

    “Estimada Paula Santos:"

    Não quero deixar de testemunhar que o seu pai, Dr. João dos Santos, foi uma grande referência para mim, no perfil de psicoterapeuta.

    Fui discípulo seu durante um ano no Hospital Santa Maria e, foi para mim uma experiência admirável pela grande capacidade de lidar com uma criança e através dela captar o seu micromundo. Depois, já na sua ausência, sem quaisquer outros dados, no Seminário dos Internos, descrevia, com espanto para nós, as personalidades dos pais, os seus conflitos, a qualidade de relacionamento. Não segui a psicanálise, mas foi com o seu pai, meu grande querido mestre, que me enriqueci no caminho da psiquiatria clássica.

    O Dr. João dos Santos vai ser tardiamente homenageado pela Ordem dos Médicos, depois de tantas honrarias que recebeu e mereceu. Com esta nova Direcção, a Ordem está a tentar repor publicamente, o mérito de médicos ilustres esquecidos, muitos incómodos, para conhecimento das novas gerações de médicos, a bem dos princípios de justiça, dos valores e da história da medicina portuguesa.
    Com os melhores cumprimentos

    Júlio Pêgo (Psiquiatra)”
    Novembro de 2014
    [Ler mais testemunhos]


  • Notícias

    “A Neurose de Angústia”
    A edição eBook para Kindle do livro “A Neurose de Angústia” está à venda em todos os sites da Amazon.

    [Para mais informações clique aqui]



    "João dos Santos, um caminho diferente na saúde mental"
    Trabalho de métodos qualitativos de Leonor Moreira Rato, supervisado pelo Professor Doutor Miguel Nunes de Freitas do ISPA – Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida. Inclui a transcrição de uma entrevista feita à Professora Doutora Maria Eugénia Carvalho e Branco por Leonor Moreira Rato. [Para mais informações]


    O Senado da Universidade de Lisboa atribui o título de Doutor Honoris Causa ao Pedagogo Sérgio Niza
    A Cerimónia de Investidura do título Doutor Honoris Causa terá lugar no próximo dia 23 de Abril 2015, com início às 18.00 horas, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa. [Continuar a Ler]


    Apresentação do livro de Maria Eugénia Carvalho e Branco pelo Professor Doutor António Coimbra de Matos e pelo Dr Pedro Strecht
    Agradeço à Professora Doutora Maria Eugénia Carvalho e Branco o honroso convite para participar na apresentação do seu livro "João dos Santos. A Saúde Mental Infantil em Portugal. Uma Revolução de Futuro".
    É uma honra e um prazer. Duplos:
    1. Pela elegância da forma e riqueza do conteúdo. Como leitor, primeiro foi o espanto, logo de seguida, o conhecimento – no lúcido dizer do filósofo estagirita; mas sobretudo, o que eu senti foi encantamento face à empolgante transmissão do que foi o Homem e do que é a Obra que nos legou. [Continuar a Ler]

    Revista Visão
    A revista Visão publicou na sua edição de 12 a 18 de Dezembro de 2013 (nº 1084) um artigo sobre João dos Santos, “A criança e o mestre”, subscrita pela jornalista e psicóloga Clara Soares. [Ler o artigo completo]

    Escola Superior de Educação de Santarém
    As Jornadas da Prática Profissional da ESES – “Pensar em Educação com João dos Santos” decorreram muitíssimo bem, com muito entusiasmo, envolvendo alunos e professores, enlaçando pensamento e afecto em todos os presentes e em todos os seus momentos, das conferências aos painéis, dos ateliers para adultos aos ateliers com crianças, dos filmes à escuta dos Dias da Rádio – em que pudemos recordar ( e alguns, ouvir pela primeira vez) essas conversas tão especiais. [Continuar a ler]

    “Exposição e Tertúlia João dos Santos
    No ano em que se celebra o Centenário do Nascimento de João dos Santos, a Câmara Municipal de Odivelas associou-se a estas comemorações através da uma Exposição sobre a vida e obra do homenageado inaugurada a dia 23 de Outubro e ainda uma Tertúlia realizada no mesmo dia às 17,30 no Centro de Exposições de Odivelas com o patrocínio da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e Adolescência. [Continuar a ler]

    “A Saúde Mental Infantil em Portugal - Uma Revolução de Futuro”
    O lançamento da nova obra de Maria Eugénia Carvalho e Branco ““A Saúde Mental Infantil em Portugal – Uma Revolução de Futuro”” será realizado no dia 8 de Novembro de 2013 pelas 19h30 inserido nas XXI Jornadas da Prática Profissional 2013/2014, da Escola Superior de Educação de Santarém. [Ler mais notícias]

    A Liga Portuguesa de Higiene Mental
    – Associação que mantem como sua principal actividade o funcionamento da linha telefónica de apoio emocional e de Prevenção do Suicídio O SOS VOZ AMIGA – pretende, com o envio desta notícia, associar-se às Comemorações do Centenário de João dos Santos, através da transcrição parcial do Editorial do seu Boletim de Maio 2013, em que são realçadas as valências de uma das Instituições Associativas criadas por João dos Santos: o IAC e posteriormente o SOS Criança. [Ler mais]

    “Vida, Pensamento e Obra de João dos Santos”
    A 2ª Edição (Revista) do livro “Vida, Pensamento e Obra de João dos Santos” de Maria Eugénia Carvalho e Branco acaba de ser publicada pela editora Coisas de Ler. [Ler mais notícias]

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  • A Força das Perguntas

    António Nóvoa
    6 de Setembro de 2013

    João dos Santos é uma presença luminosa do século XX. A sua acção nos domínios da saúde e da educação marca o nosso pensamento mais inteligente, e mais sensível, sobre a infância.
    Os trabalhos deste Centenário, notavelmente dinamizados pelos seus filhos, Paula Santos Lobo e Luís Grijó dos Santos, revelam bem a amplitude, a largueza e a grandeza, daqueles que João dos Santos tocou pelas palavras, pelos gestos, pela relação.
    É uma teia extraordinária de pessoas, de cumplicidades, de afectos, de discípulos no sentido mais nobre do termo. Sim, João dos Santos foi um mestre, um mestre com quem estamos em diálogo neste momento, ao falar dele, ao falar com ele. [Ler texto completo]

     

     



  • João dos Santos

    27 de Novembro de 2014

    João dos Santos é homenageado com a Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos

     


  • Como instalar o aplicativo Kindle gratuito

    1. Seleccione o site da Amazon mais conveniente para o seu país (Brasil, Espanha, Estados Unidos, França…)

    2. Baixe o aplicativo de leitura Kindle gratuito:

    Brasil
    Espanha
    Estados Unidos
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    Reino Unido
    Itália
    Índia

    3. Abra o aplicativo e faça o login usando a sua conta da Amazon... e comece a ler no seu computador, tablet ou smartphone.
     

  • “PEDAGOGIA TERAPÊUTICA
    Diálogos e Estudos Luso-Brasileiros Sobre João dos Santos”

    A 2ª Edição (formato Kindle) do livro “PEDAGOGIA TERAPÊUTICA – Diálogos e Estudos Luso-Brasileiros Sobre João dos Santos” está à venda nos sites da Amazon. [Para mais informações clique nesta ligação]

     


     

  • Aula Inaugural do curso “Introdução ao Pensamento de João dos Santos”

     

    A aula inaugural deste curso foi transmitida ao vivo no último dia 22 de Agosto de 2016, no auditório do Instituto Federal do Ceará. No entanto a gravação continua disponível através da seguinte ligação https://www.youtube.com/watch?v=0OOs7Xy-KOo.

    Para mais informações, por favor veja a nossa página dedicada ao curso Introdução ao Pensamento de João dos Santos.

    Os organizadores do curso podem ser contactados através do seguinte e-mail: pensamentosantiano@gmail.com.

     


  • Como compartilhar trechos dos seus livros no Kindle

     

    Leitores de eBooks no Kindle têm ferramentas à sua disposição que lhes permitem compartilhar trechos de livros via e-mail, Facebook, Twitter, outros serviços mensageiros e via outros aplicativos instalados no seu dispositivo.
    As ferramentas disponíveis estão constantemente em evolução e alguns detalhes variam entre sistemas operacionais, aplicativos e dispositivos.
    No entanto, parece-nos útil descrever este processo simples de compartilhamento para um dispositivo Kindle (Kindle Paperwhite) e um aplicativo (Kindle para iPad).
    Para mais informações clique nesta ligação.

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    Ideias Psicopedagógicas do referencial santiano

    Clique na seguinte ligação, para assistir à gravação em VÍDEO da palestra “Ideias Psicopedagógicas do referencial santiano” proferida pela Professora Patrícia Holanda no XV Congresso de História da Educação do Ceará. A gravação da palestra é seguida dum momento musical e dos lançamentos dos livros "Pedagogia Terapêutica" e “Ensaios sobre Educação – I. A criança quem é?”. Para assistir à gravação clique nesta ligação.

     


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    Cecília Menano, João dos Santos e Maria Emília Brederode Santos em conversa

    Clique na seguinte ligação para para visualizar este vídeo do Instituto de Tecnologia Educativa – RTP (1975) A Escolinha de Arte de Cecília Menano – com Cecília Menano, João dos Santos e Maria Emília Brederode Santos, que foi muito generosamente disponibilizado pelo Dr Daniel Sasportes (19 minutos). [Clique nesta ligação]


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    DIÁLOGOS COM JOÃO DOS SANTOS PELO JARDIM DAS AMOREIRAS

    O eBook intitulado Diálogos com João dos Santos pelo Jardim das Amoreiras apresenta um conjunto de estudos realizados no âmbito do curso Introdução ao Pensamento de João dos Santos: estudo sobre a Pedagogia Terapêutica e foi lançado no dia 23 de Setembro de 2017 no XVI Congresso de História da Educação do Ceará em Icó.

    Clique na seguinte ligação para fazer o download gratuito do eBook Diálogos com João dos Santos pelo Jardim das Amoreiras: https://joaodossantos.files.wordpress.com/2017/09/dic3a1logos-com-joc3a3o-dos-santos-pelo-jardim-das-amoreiras-7-setembro-2017-versao-final.pdf

     

     

  • Comentário à apresentação do Livro “Hiperativos – Psicomotricidade Relacional com crianças Hiperativas” de João Costa, 2017

    Vera Oliveira, psicomotricista
    22 de Novembro de 2017

    Sou leitora do João desde 2001, quando nos conhecemos pela 1ª vez… era eu estagiária na Clínica do Parque… sob sua orientação. Ler é muito mais do que o ato de juntar letras em palavras e palavras em frases. “Ler” vem do latim “lego” que significa reunir, colher, juntar peças… criar… Naquela altura o João, embora ainda não o tivesse passado para o papel, já punha em prática com os meninos (alguns agitados) do parque, que tinham entre outras coisas, muitas dificuldades em aprender… já punha em prática que para fazê-los ler tinham muito mais do que saber juntar letras em palavras e palavras em frases. Tinham sobretudo que sentir – sentir o movimento, os materiais (os poucos que existiam na sala de psicomotricidade do parque naquela atura), sentir o outro! – era o impacto… as sensações… acompanhadas com emoções e afectos que precisavam, para serem capazes de produzir sentimentos. E que seria essa sensorialidade, neste livro designada “sensorialidade afectiva” que, dando lugar às memórias afectivas (como descreve António Damásio) fariam a criança reter alguma coisa, e progressivamente aprender coisas sobre alguma coisa.

    Como eu tenho Lido (sem papel) o João desde 2001, o que eu vou tentar fazer é, com base neste seu livro… uma espécie de lista resumida das razões pelas quais eu Leio o João Costa.

    A 1ª é a seguinte: O João toma posição! E não tem medo de tomar posição –  não toma posiçõezinhas, toma posições… com estardalhaço!

    A posição que ele tem sobre a psicomotricidade é muito clara – é clínica! Não é pedagógica… não é recreativa – é clínica.

    Clique na seguinte ligação para ler o texto completo.

     


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    Imagem - A última entrevista de Armando Leandro à frente da Comissão Nacional da Proteção das Crianças

    Clique na imagem para aceder ao vídeo desta entrevista no site da RTP NOTÍCIAS

    RTP NOTÍCIAS

     

    A última entrevista de Armando Leandro à frente da “COMISSÃO NACIONAL DE PROMOÇÃO DOS DIREITOS E PROTEÇÃO DAS CRIANÇAS E JOVENS”.

    Para mais informações sobre a “Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens” siga esta ligação.

     
     


     

  • BIOGRAFIA

    João dos Santos foi o criador da moderna Saúde Mental Infantil em Portugal e o grande impulsionador da viragem da Psiquiatria Infantil que de uma especialidade enraizada na Psiquiatria de adultos passou a uma especialidade autónoma.

    Foi um dos primeiros psicanalistas portugueses e um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Psicanálise.

    Desenvolveu um olhar novo sobre o valor da arte no desenvolvimento da criança e sobre a educação na família, na escola e na comunidade, criando concepções e ensinamentos originais e modos inovadores de formação de pais e professores.

    Como democrata lutou durante o fascismo pela criação de serviços de saúde mental de qualidade que eram então verdadeiros desafios políticos e que continham a semente da prática e dos princípios científicos que preparavam o futuro.

    O seu percurso académico e a sua sólida formação em Psiquiatria e Psicanálise permitiram-lhe proceder a rigorosas pesquisas sobre a criança. João dos Santos criou uma obra escrita inovadora concretizada numa obra institucional em prol da protecção materno-infantil e da prevenção e intervenção em Saúde Mental Infantil. Obra que ainda hoje ajuda a compreender as causas mais profundas do sofrimento psíquico e das patologias da criança, do adolescente e do jovem.

    João dos Santos começou por ser professor de Educação Física, licenciou-se depois em Medicina, tendo logo orientado o seu interesse e formação para a Psiquiatria. Trabalhou com Vítor Fontes no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira e com Barahona Fernandes no Hospital Júlio de Matos onde foi um dinamizador incansável da modernização das clínicas infantis.

    Por motivos políticos (ligação ao Movimento de Unidade Democrática) foi afastado do serviço público.

    Partiu para Paris em 1946 onde sob a orientação de Henri Wallon foi investigador no Centro de Pesquisas Científicas de França (C.N.R.S.) no Laboratório de Biopsicologia da Criança. Trabalhou com G. Heuyer, J. Ajuriaguerra, H. Ey, A. Thomas. Trabalhou também no Serviço de G. Heuyer, primeiro professor de Neuropsiquiatria de França, no Hospital “Enfants Malades” e no Centro Alfred Binet, dirigido por Serge Lebovici. Aqui, entre outros, trabalhava também René Diatkine que seguia como Lebovici as novas correntes psicodinâmicas e se tornaram psicanalistas. Lebovici foi o pioneiro da Psicanálise infantil em França.

    Colaborou ainda com M. Bachet, psiquiatra da penitenciária de Fresnes.

    Regressou a Portugal em 1950.

    João dos Santos criou, com colaboradores, a seção de Higiene Mental do Centro de Assistência Materno-infantil Sofia Abecassis, o Colégio Eduardo Claparède, os dois primeiros Centros Psicopedagógicos portugueses, um na Voz do Operário outro no Colégio Moderno, o Centro Infantil Helen Keller, a Liga Portuguesa de Deficientes Motores, a Associação Portuguesa de Surdos, a Liga Portuguesa contra a Epilepsia. Colaborou na criação do Centro de Saúde Mental Infantil de Lisboa de que foi o seu primeiro director. Aí existiram desde o início, equipas de serviço ambulatório no Dispensário Central e no Dispensário do Hospital Dona Estefânia, além da equipa das clínicas infantis do Hospital Júlio de Matos. Mais tarde foram criados outros serviços como o Laboratório de Electroencefalografia, Laboratório de Bioquímica, a Escola dos Cedros – serviço de adolescentes, a Casa da Praia – Externato de Pedagogia Experimental e a Unidade de Primeira Infância (UPI).

    João dos Santos foi o inspirador da criação do Instituto de Apoio à Criança (IAC).

    Foi Professor na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação e na Escola Nacional de Saúde Pública.

    Em 1984 foi agraciado pelo Presidente da República, General António Ramalho Eanes, com o grau de Comendador da Ordem de Benemerência.

    Em 1985, a Faculdade de Motricidade Humana atribuiu a João dos Santos o título de Doutor Honoris Causa.

    As comemorações deste centenário visam divulgar o pensamento de João dos Santos, ainda hoje tão inovador, com o objectivo de se fazer uma reflexão que indo ao passado, passe pelo presente e se projecte no futuro. Este percurso no tempo e nos lugares, passando pelas várias áreas da sua prática e saber, vai certamente permitir tecer sentidos entre elas e incentivar novas ideias e novas práticas para o futuro.

    Actividades de comemoração do centenário estão a ser organizadas juntamente com a família de João dos Santos, várias personalidades das áreas da saúde, da educação e da cultura e instituições que estiveram a ele ligadas: Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Casa da Praia – Centro Doutor João dos Santos, Departamento de Pedopsiquiatria do Hospital Dona Estefânia, Faculdade de Motricidade Humana, Faculdade de Psicologia, Instituto de Educação, Jardim Infantil Pestalozzi – Fundação Lucinda Atalaya, Sociedade Portuguesa de Psicanálise e outras.

    Várias iniciativas estão já em preparação como a publicação da obra inédita de João dos Santos, reedição de livros já esgotados e encontros a realizar em Setembro.

    Paula Santos Lobo e Luís Grijó dos Santos

     

    Joao dos Santos – capa da nota biográficaClique aqui para fazer o download desta brochura biográfica em formato PDF

     
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  • João dos Santos

    1913 - 1987

    O livro “Prevenir a doença e promover a saúde” de João dos Santos (Ed. Póstuma) foi publicado pela editora Coisas de Ler no dia 4 de Junho de 2013. [Bibliografia]